O ano de 2025 consolida um momento excepcional para a produção cinematográfica nacional. Embora "O Agente Secreto", de Kleber Mendonça Filho, seja o grande fenômeno popular e a principal aposta brasileira nas premiações internacionais, incluindo o Oscar, a safra de filmes revela uma diversidade e uma qualidade impressionantes.
Uma safra diversa e potente
Longe de se resumir a um único título, o cinema brasileiro apresentou ao longo dos últimos doze meses uma série de obras envolventes que reforçam a maturidade e a potência do setor. A lista dos melhores filmes do ano, compilada a partir de seu impacto e excelência, inclui desde dramas sociais urgentes até adaptações ousadas e histórias de superação.
"O Agente Secreto" segue como o grande destaque, com chances reais de representar o país no Oscar, seja na categoria de Melhor Filme Internacional, seja na de Melhor Ator, onde Wagner Moura é um forte candidato. No entanto, a riqueza do período vai muito além.
Os destaques da lista
Entre os filmes que marcaram o ano, está "Manas", vencedor do prêmio máximo da Jornada dos Autores no Festival de Veneza em 2024. O longa, que comove plateias no Brasil e no exterior, narra a história urgente e difícil de Marcielle (Jamilli Correa), uma jovem ribeirinha que enfrenta abusos traumáticos dentro da própria família.
Outro trabalho notável é "Homem com H", dirigido por Esmir Filho. O filme debruça-se sobre a ascensão do artista Ney Matogrosso, capturando a leveza de sua expressão. Jesuíta Barbosa entrega uma atuação magistral, emulando voz e maneirismos do cantor sem cair na imitação.
A estreia na direção de Rafaela Camelo, "A Natureza das Coisas Invisíveis", encanta ao narrar a história de Glória (Laura Brandão), uma menina de 10 anos que passa as férias em um hospital. Sua amizade com Sofia (Serena) revela uma sensibilidade rara, trazida à tona pelas excelentes atrizes mirins.
No drama "Baby", acompanhamos Wellington (João Pedro Mariano), que ao sair da Fundação Casa aos 18 anos, encontra desamparo e, posteriormente, um modelo no garoto de programa Ronaldo (Ricardo Teodoro). O filme é um retrato honesto e extasiante do amadurecimento na selva de pedra paulistana.
"Enforcados" é uma adaptação livre e cativante de Macbeth, transformada em um thriller onde Regina (Leandra Leal) convence o marido Valério (Irandhir Santos) a cometer um assassinato para ascender no crime, desencadeando uma paranoia desastrosa.
Ficção especulativa e histórias reais
O cinema nacional também explorou a ficção especulativa com "O Último Azul", de Gabriel Mascaro. A distopia imagina um Brasil que envia idosos para colônias remotas. Aos 77 anos, Tereza (Denise Weinberg) embarca numa jornada pela Amazônia que a transforma ao encontrar Cadu (Rodrigo Santoro).
No campo do drama familiar, "A Melhor Mãe do Mundo", de Anna Muylaert, apresenta uma catadora de lixo (Shirley Cruz) que luta para proteger os filhos da miséria e de um pai agressivo, tratando a vida como uma grande aventura.
O faroeste "Oeste Outra Vez", grande vencedor do Festival de Gramado de 2024, com Babu Santana e Ângelo Antônio, retrata a violência e os princípios antiquados de dois homens no interior de Goiás.
Baseado em fatos reais, "Vitória" traz Fernanda Montenegro no papel de uma senhora de 80 anos que, armada com uma câmera, denuncia uma rede de tráfico na favela Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana. A atriz oferece uma performance monumental.
Por fim, o universo infantil ganhou força com "Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa", estrelado pelo influenciador mirim Isaac Duarte Ferreira, o Isaac Amendoim. O live-action mantém a qualidade dos filmes anteriores da Turma da Mônica.
Esta lista demonstra que 2025 foi um ano de narrativas plurais e de alta qualidade técnica e artística, confirmando o cinema brasileiro como um campo fértil e em constante evolução, capaz de emocionar, provocar e entreter em múltiplas frentes.