Feminicídio na véspera de Natal: Tainara morre após 25 dias internada
Tainara morre após ser atropelada e arrastada pelo ex

Na noite de quarta-feira, 24 de dezembro, véspera de Natal, a notícia da morte de Tainara chegou como um golpe. Aos 31 anos, ela não resistiu aos ferimentos após 25 dias de internação. Tainara foi vítima de um atropelamento seguido de arrastamento por aproximadamente um quilômetro, em um crime que a polícia investiga como feminicídio.

A vida interrompida de uma mãe guerreira

Tainara era mãe de dois filhos pequenos, de 7 e 12 anos. Ela morava sozinha com as crianças e trabalhava no ramo do comércio eletrônico, dedicando-se ao máximo para criá-los. Sua mãe, dona Lúcia, em entrevista à GloboNews dias antes da tragédia, demonstrava esperança. "Ela vai ser feliz de novo", afirmou, prometendo ser "as pernas" da filha após as amputações necessárias devido à gravidade dos ferimentos.

Lúcia usou as redes sociais para atualizar o estado de saúde de Tainara. Em um vídeo pós-cirurgia, mostrou-se confiante: "Deus é maravilhoso na nossa vida". Em outro momento, relatou que a filha, ainda intubada, havia aberto os olhos e a olhado, como quem diz "mãe, você tá aqui". A mãe nunca saiu do seu lado.

O crime e a busca por justiça

O acusado do crime é Douglas Alves da Silva, ex-companheiro de Tainara. Ele agora é réu pela acusação de feminicídio. A investigação aponta que o motivo do crime foi a não aceitação do fim do relacionamento por parte do homem.

A morte foi anunciada pela própria dona Lúcia em um comovente post nas redes sociais na noite de Natal. "Oi, meus amores, boa noite. É com muita dor que venho avisar que nossa guerreirinha Tay nos deixou", escreveu. Ela disse que a filha "acabou de partir desse mundo cruel e está com Deus". A dor é enorme, mas o sofrimento cessou. Agora, o apelo da família é um só: "Agora é pedir por justiça".

A violência de gênero que não dá trégua

A tragédia que tirou a vida de Tainara na data que simboliza paz e esperança escancara uma realidade cruel. O feminicídio raramente é um ato isolado. Ele é, frequentemente, o ponto final de uma escalada de violência que inclui perda de autonomia, medo constante e controle sobre a vida da mulher.

É uma violência previsível, mas socialmente tolerada, que atravessa classes sociais, raças e ideologias. Homens que se apresentam publicamente como aliados podem, na vida privada, exercer controle pelo medo. A história relembrada da escritora Margaret Atwood nos anos 80 segue atual: enquanto homens temem que as mulheres riam deles, as mulheres temem que os homens as matem.

A morte de Tainara é um triste lembrete de que não há trégua possível enquanto a violência contra a mulher for tratada como um problema secundário ou um desvio individual, e não como uma questão estrutural que demanda o envolvimento de toda a sociedade. A justiça é o mínimo que sua memória, seus filhos e sua família merecem.