O Ministério Público Federal (MPF) no Amapá moveu uma ação de grande impacto político ao apresentar à Justiça Eleitoral uma extensa denúncia contra o prefeito de Macapá, Antônio Furlan. O documento, com 145 páginas, acusa o gestor de liderar uma organização criminosa voltada para fraudar as eleições municipais de 2020.
Os crimes descritos na denúncia
De acordo com o MPF, o grupo atuou de forma planejada para garantir a vitória de Furlan nas urnas. A procuradora Sarah Cavalcanti de Britto, responsável pela ação, detalha que os investigados se associaram com o propósito claro de cometer crimes eleitorais para obter vantagem indevida no pleito.
A denúncia aponta duas práticas criminosas principais: a corrupção eleitoral, com oferta de dinheiro ou benefícios em troca de votos, e o transporte ilegal de eleitores no dia da votação. Essas ações, segundo o MPF, violaram o livre exercício do voto e distorceram a vontade popular.
A estrutura do suposto esquema criminoso
O MPF sustenta que Antônio Furlan não era um participante qualquer, mas o líder do empreendimento criminoso. O documento o coloca no núcleo diretivo, com poder de mando e controle final sobre as operações. Ele é descrito como o mentor intelectual, coordenador e principal beneficiário dos atos ilegais.
Além do prefeito, outras 13 pessoas foram denunciadas por integrarem a organização, que teria uma estrutura ordenada com divisão clara de tarefas. A investigação reuniu um conjunto robusto de provas, incluindo mensagens de WhatsApp trocadas entre os envolvidos, que detalhariam a execução dos crimes.
Provas e testemunhas apresentadas
Para embasar a acusação, o MPF anexou à denúncia o depoimento de seis testemunhas. Entre elas estão investigadores que atuaram no caso, um motorista que confessou ter realizado o transporte de eleitores e, de forma crucial, um eleitor que confirmou aos investigadores ter recebido uma proposta concreta de compra de voto.
Esses elementos buscam comprovar a materialidade dos crimes de corrupção e transporte ilegal. O caso, que ganhou grande repercussão no estado, agora segue para análise e julgamento pela Justiça Eleitoral, que decidirá sobre a procedência das acusações.
Contexto político e próximos passos
Antônio Furlan venceu as eleições de 2020 e conseguiu a reeleição em 2024. A denúncia do MPF, no entanto, questiona a legitimidade da primeira vitória, sugerindo que ela foi obtida por meio de um esquema ilegal. A revelação do conteúdo da denúncia, nesta semana, colocou a política do Amapá novamente em foco.
O caso aguarda os trâmites legais. Enquanto isso, a reportagem do Radar aguarda um posicionamento oficial do prefeito de Macapá sobre as graves acusações apresentadas pelo Ministério Público Federal.