Em uma declaração divulgada no dia 26 de dezembro de 2025, o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente preso sob acusação de tentativa de golpe de Estado, confirmou publicamente seu apoio à candidatura do filho, Flávio Bolsonaro, à Presidência da República. A mensagem foi estrategicamente lançada em uma das datas mais significativas do calendário cristão: o Natal.
O anúncio em meio à prisão
A declaração, reproduzida pelo jornalista Matheus Leitão em seu blog, traz um tom solene e pessoal. Jair Bolsonaro afirmou: "Entrego o que há de mais importante na vida de um pai: o próprio filho, para a missão de resgatar o nosso Brasil". Ele descreveu a decisão como "consciente, legítima e amparada no desejo de preservar a representação daqueles que confiaram em mim".
O contexto é crucial: Bolsonaro proferiu essas palavras enquanto responde a processos judiciais, com a prisão decretada pela sua suposta participação em atos golpistas. A escolha da data, o Natal, que para os cristãos celebra o nascimento de Jesus Cristo, adiciona uma camada simbólica poderosa ao anúncio, fundindo explicitamente fé e ambição política.
A simbologia da data e a fusão entre religião e política
A estratégia de comunicação não passou despercebida por analistas. Ao fazer o anúncio de apoio a um familiar em uma data religiosa de tamanha magnitude, Bolsonaro parece buscar um alinhamento emocional e simbólico com sua base eleitoral, majoritariamente cristã. A mensagem transmite a ideia de um "sacrifício paternal" e de uma "missão divina" para a salvação nacional, narrativas frequentemente utilizadas em seu discurso político.
Essa utilização da fé como instrumento político é um dos pontos centrais destacados na cobertura do jornalista Matheus Leitão, vencedor de prêmios importantes como o Esso e o Vladimir Herzog. A manobra ocorre em um momento de grande vulnerabilidade para o ex-presidente, mas também de mobilização de seus apoiadores em torno da candidatura da família.
Repercussões e cenário futuro
A confirmação da candidatura de Flávio Bolsonaro, carregada pelo peso simbólico do apoio paterno anunciado no Natal, deve reconfigurar o cenário da disputa presidencial. Ela solidifica a tentativa de manter o projeto político da família Bolsonaro ativo, mesmo com seu principal nome afastado da disputa direta e encarcerado.
Os próximos passos envolvem observar como o eleitorado e as instituições democráticas reagirão a essa movimentação. A justiça eleitoral terá um papel fundamental em avaliar a legalidade e os limites da campanha que se inicia a partir de dentro de um presídio. Uma coisa é certa: a política brasileira entra em 2026 com um episódio que mistura drama familiar, religião e uma profunda crise institucional.