A cidade de Rio Branco, no Acre, recebe a partir desta segunda-feira (15) a edição de 2025 da Semana Chico Mendes. O evento anual, que celebra a vida e o legado do ambientalista e seringueiro assassinado em 1988, ocorre tradicionalmente na semana de seu aniversário. Este ano, a programação se estende até o dia 22 de dezembro, data que marca o assassinato do líder.
Do Pará ao Acre: o desaguar das discussões climáticas
Com o tema "Desaguar da COP30", a semana tem como um de seus principais objetivos avaliar os resultados e desdobramentos da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em novembro em Belém, no Pará. A ideia é trazer para o território acreano os debates e compromissos assumidos durante o encontro global.
"Foram dias de diálogos, mobilizações e compromissos em Belém. Agora, é hora de fazer o percurso de território, trazendo o que vivemos, para a Semana Chico Mendes 2025. Uma só correnteza, feita de muitas vozes, sonhos e territórios", anunciou o Comitê Chico Mendes, organização responsável pelo evento, criada por familiares e amigos do ambientalista.
Durante a COP30, o comitê levou para o pavilhão uma réplica da casa de Chico Mendes, transformada em museu em Xapuri, sua cidade natal. O espaço também abrigou uma exposição que reforçava a importância do enfrentamento à crise climática e o legado do líder seringueiro.
Programação diversa percorre Rio Branco, Xapuri e Brasiléia
As atividades, que incluem mesas-redondas, apresentações culturais, cerimônias e oficinas, serão realizadas em três cidades acreanas: Rio Branco, Xapuri e Brasiléia. A abertura oficial acontece nesta segunda-feira (15), em Xapuri, com uma feira de economia solidária, a entrega do Prêmio Chico Mendes de Resistência e um Forró da Revolução.
A programação técnica inclui debates cruciais para a região. Na terça-feira (16), a plenária "Juventude, povos tradicionais e COP30 - o desaguar" promove reflexões sobre o papel desses grupos na agenda climática. Já na quarta (17), o Fórum Ativacred Amazônia discute caminhos para fortalecer a sociobioeconomia e a ativação do crédito rural para esse modelo econômico.
Entre os destaques estão também discussões sobre direitos humanos, justiça climática e o enfrentamento à violência contra as mulheres. No sábado (20), em Rio Branco, uma oficina abordará o tema "Inteligência Artificial (IA), dados e infraestruturas - como falar em direitos humanos?".
Encerramento com memória e reflexão
O evento se encerra na segunda-feira (22), no Teatro Hélio Melo, em Rio Branco, com a mesa "Direitos Humanos e Justiça Climática - saberes, vozes e ações que transformam", seguida do "Legado de Luz", um encontro em memória de Chico Mendes.
Como um pré-evento, no domingo (14), foi realizado o torneio de futebol Copa Chico Mendes. A programação completa reforça a missão de manter viva a luta do ambientalista, que se tornou um símbolo global da defesa da Amazônia e dos povos da floresta.
A filha de Chico Mendes, ao comentar a impunidade que ainda cerca muitos crimes ambientais, destacou recentemente que essa situação "faz com que crimes continuem acontecendo", ecoando a urgência dos debates promovidos pela semana que homenageia seu pai.
