PF desarticula rede de extração ilegal de madeira em terras indígenas
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (12) a segunda fase da Operação Mykyara, com o objetivo de combater crimes ambientais e ameaças a comunidades indígenas em Mato Grosso. As ações ocorreram nas cidades de Brasnorte e Juína, localizadas respectivamente a 580 km e 737 km de Cuiabá.
De acordo com as investigações, os alvos da operação são suspeitos de receptação de madeira extraída ilegalmente da Terra Indígena Menkü, habitat tradicional do povo Myky. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) confirmou que a região é alvo de processos de demarcação e teve seus limites ampliados por decisão judicial em 2018.
Crimes contra indígenas e devastação ambiental
As investigações revelaram situações graves de violência contra as comunidades locais. Mulheres indígenas que resistiam à exploração madeireira ilegal teriam sido ameaçadas pelos criminosos, com risco à integridade física e até mesmo às suas vidas.
Os dados mais alarmantes vêm das análises de imagens de satélite realizadas pela PF. As evidências apontam que apenas em 2024, a exploração ilegal provocou o desmatamento de mais de 1 milhão de hectares através do método de corte seletivo. Especificamente, foram devastados 1.142,88 hectares de floresta nativa neste período.
Operação em duas fases combate organização criminosa
Esta nova etapa da operação é um desdobramento das ações iniciadas em agosto deste ano, quando aproximadamente 55 policiais federais cumpriram nove mandados de prisão preventiva e onze de busca e apreensão. Os mandados foram expedidos pelo Juízo das Garantias da Subseção Judiciária de Juína.
Na primeira fase, as investigações já haviam identificado os responsáveis pela extração e receptação da madeira ilegal. Além dos crimes ambientais, foram constatadas práticas reiteradas de crimes contra a fauna silvestre, incluindo a caça de animais protegidos como onça-pintada, anta e queixada.
Há dois meses, a Polícia Federal já havia cumprido dez mandados de busca e apreensão em casas e madeireiras apontadas como responsáveis pela receptação de madeira retirada ilegalmente da mesma Terra Indígena Menkü. As investigações começaram a partir de denúncia anônima e revelaram um esquema criminoso que incluía corte ilegal de floresta nativa e ameaças sistemáticas às comunidades indígenas.
Os suspeitos agora respondem pelos crimes de desmatamento em terras públicas, receptação de madeira sem origem legal e associação criminosa. A PF instaurou inquérito para investigar todas as infrações atribuídas aos envolvidos nesta complexa rede de crimes ambientais.
