Bloqueio indígena na ferrovia da Vale no ES já causa prejuízo de R$ 100 mi
Bloqueio indígena na ferrovia da Vale causa R$ 100 mi

Uma tentativa de negociar o fim do bloqueio indígena no ramal ferroviário da Vale no Espírito Santo fracassou nesta quarta-feira, mantendo paralisadas as operações que já acumulam prejuízos de R$ 100 milhões.

Reunião sem acordo mantém protesto

Representantes das comunidades Tupiniquim e Guarani se reuniram com executivos da Vale, membros do Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União, Casa Civil e Secretaria Estadual de Direitos Humanos. O objetivo era estabelecer um cronograma para o cumprimento do acordo já firmado entre as partes.

Entretanto, novas questões levantadas pelos indígenas durante o encontro impediram que um entendimento fosse alcançado. O bloqueio, que começou no dia 22 de outubro, completa mais de 20 dias de paralisações no ramal Aracruz da Estrada de Ferro Vitória a Minas.

Contexto histórico das indenizações

As comunidades indígenas já receberam aproximadamente R$ 850 milhões como parte das reparações pelo rompimento da barragem de Mariana, ocorrido em 2015. O valor integra o Acordo de Repactuação assinado entre Vale, BHP, Samarco e o governo federal.

O acordo prevê o repasse total de R$ 1,59 bilhão em indenizações coletivas para os povos Tupiniquim e Guarani. A aplicação desses recursos será definida pelos próprios indígenas através de consultas conduzidas exclusivamente pela União, que devem ser concluídas até março de 2026.

Impactos econômicos e próximos passos

O bloqueio prolongado tem gerado consequências significativas para as empresas que operam no ramal ferroviário, com prejuízos que não param de crescer. Parte dos valores das indenizações deverá ser obrigatoriamente utilizada pelas comunidades para custear ações estruturantes em seus territórios.

Enquanto não houver um novo acordo que atenda às demandas apresentadas pelos indígenas, o bloqueio deve continuar, ampliando ainda mais os prejuízos econômicos e mantendo a tensão na região de Aracruz.