O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), negou categoricamente a existência de qualquer acordo político com a oposição para facilitar a tramitação do Projeto de Lei da Dosimetria. A declaração foi dada em entrevista ao programa Ponto de Vista, apresentado por Marcela Rahal, nesta quinta-feira, 18 de dezembro de 2025.
Negociação nos bastidores? "Zero acordo", diz Randolfe
Questionado sobre supostas negociações que teriam pavimentado a aprovação do projeto em troca de avanços na agenda econômica, Randolfe foi enfático. Ele afirmou que "zero acordo" foi feito e que eventuais conversas entre lideranças ocorreram sem qualquer aval do Palácio do Planalto.
O senador destacou que não houve participação da ministra da Articulação Política, Gleisi Hoffmann, nem orientação formal ao governo no Congresso para negociar. Ele reforçou a declaração pública do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), de que não existiu barganha política envolvendo o mérito ou o procedimento de votação da proposta.
Telefonema presencial durante a sessão
Randolfe revelou um detalhe importante dos bastidores da votação: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para ele durante a sessão no plenário do Senado. O objetivo do presidente era entender o desenrolar dos trabalhos.
Na conversa, segundo o líder do governo, Lula foi claro ao reiterar sua intenção de vetar integralmente o projeto aprovado, que reduz penas para condenados por crimes contra o Estado Democrático de Direito. O presidente também deixou claro que não autorizou nenhum tipo de concessão, nem mesmo em relação ao rito de tramitação.
Randolfe acrescentou que essa mesma orientação já havia sido passada por Lula mais cedo, durante uma reunião ministerial realizada no mesmo dia.
Responsabilidade e o próximo embate político
Apesar das críticas direcionadas a Jaques Wagner pela condução da votação, Randolfe evitou atribuir a ele uma responsabilidade isolada pelo resultado. Ele defendeu o colega, dizendo não ser justo transformá-lo em alvo de uma "crucificação pública".
O senador apontou que diversos parlamentares mudaram suas posições durante o processo. Integrantes de partidos da base aliada, que antes se manifestavam contra o projeto, votaram a favor, usando o episódio envolvendo a liderança como justificativa para a mudança de voto.
O foco agora, segundo Randolfe, se desloca para a manutenção do veto presidencial. Ele explicou que a margem da votação de aprovação será decisiva. Como Lula vai vetar o texto, caberá à oposição reunir votos suficientes para derrubar esse veto no Congresso.
Randolfe fez um apelo direto a parlamentares de partidos como PSB e PDT, pedindo que reflitam sobre a votação e se posicionem contra a derrubada do veto quando o tema retornar à pauta. A disputa política em torno do PL da Dosimetria está longe de terminar, e seu desfecho final dependerá da capacidade da oposição de formar uma maioria qualificada para sobrepor a vontade do presidente da República.