Malafaia critica Flávio Bolsonaro: sem estofo para 2026 e estratégia falha
Pastor Malafaia diz que Flávio Bolsonaro não tem estofo para 2026

O pastor Silas Malafaia, um dos principais aliados evangélicos do ex-presidente Jair Bolsonaro, fez duras críticas à pretensão do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de concorrer à Presidência da República em 2026. Em entrevista ao portal Metrópoles, Malafaia afirmou que o filho mais velho de Bolsonaro não tem "estofo eleitoral" nem a musculatura política necessária para uma campanha presidencial vitoriosa.

Falta de estratégia e alianças com o centro

O líder religioso centrou suas críticas na estratégia política, ou na falta dela, que teria cercado o anúncio da candidatura de Flávio. Para Malafaia, a movimentação ignora uma regra básica do sistema político brasileiro: a necessidade de construir alianças que ultrapassem o campo ideológico e conquistem o centro.

"Todo radicalismo, seja de direita ou de esquerda, age por paixão, igual torcedor de time de futebol. Não vê um dedo na frente do nariz. E política não se faz com paixão, se faz com estratégia", declarou o pastor. Ele foi enfático ao afirmar que "nem a direita nem a esquerda vence a eleição sem o centro".

Como contraponto positivo, Malafaia citou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como exemplo de uma figura com trânsito no centro político. "Não adianta atacar Tarcísio, ele é do centro. Bolsonaro só governou porque governou com o centro", avaliou, lembrando de ministros do PP, como Ciro Nogueira e Fábio Faria, no primeiro governo.

Rejeição alta e cenário desfavorável

Além da análise política, Malafaia apresentou um obstáculo aritmético à candidatura de Flávio Bolsonaro. Ele mencionou uma pesquisa Genial/Quaest que apontaria 62% de rejeição a uma chapa liderada pelo senador. "Com esse número, não ganha a eleição, não adianta porque tem que vir o centro junto", argumentou.

O pastor fez questão de separar sua análise eleitoral de qualquer questão pessoal, dizendo gostar de Flávio e ter votado nele para o Senado, ato que repetiria. No entanto, para a Presidência, sua posição é diferente. "Eu disse para ele: não sou covarde, você não tem musculatura", revelou.

Anúncio improvisado e cenário familiar delicado

Malafaia também questionou o processo que levou ao anúncio da candidatura, descrevendo um ambiente de improviso e fragilidade. Ele criticou o fato de o Partido Liberal (PL) não ter sido consultado e levantou dúvidas sobre a conversa entre pai e filho que teria resultado na decisão, dada a situação do ex-presidente, preso há poucos dias na época das declarações.

"Ele chega aqui, não tem nem tática política para chamar o PL, para chamar os partidos... Manda uma mensagem por Instagram, sei lá por quê, por Twitter, por 'zap'. 'Ó, meu pai disse que eu sou candidato'", narrou o pastor, classificando a articulação como "mambembe".

Para Malafaia, essa forma de agir pode beneficiar a esquerda. "Isso não é brincadeira, gente! Estão querendo entregar a eleição para Lula, só isso", alertou.

Aposta em Tarcísio e Michelle

Como alternativa viável para a disputa de 2026, Silas Malafaia defendeu uma chapa encabeçada pelo governador Tarcísio de Freitas, tendo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como candidata a vice-presidente. Essa combinação, em sua visão, uniria a capacidade de diálogo com o centro e a conexão com a base bolsonarista.

O pastor finalizou reafirmando sua autoridade para fazer tais críticas, baseando-se em sua longa trajetória de defesa pública de Jair Bolsonaro, que inclusive rendeu, segundo ele, perseguição do ministro Alexandre de Moraes, do STF. "Então eu tenho moral para falar. Respeitem. Eu não cheguei agora", concluiu.

Contexto da família Bolsonaro: Enquanto Malafaia fazia essas declarações, Flávio Bolsonaro se reunia com empresários em São Paulo, adotando um tom moderado e se apresentando como um "Bolsonaro moderado", em uma tentativa de conquistar o mercado financeiro e eleitores de centro, em um claro contraste com o discurso mais agressivo da família nos anos anteriores.