A influenciadora digital Sophia Barclay, de 25 anos, que se autointitula "trans de direita", anunciou sua pré-candidatura a deputada federal por São Paulo nas eleições de 2026. A filiação será pelo Partido Novo. O anúncio, feito para seus mais de 500 mil seguidores nas redes sociais, desencadeou uma onda imediata de comentários transfóbicos e ataques virtuais, principalmente de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem a influenciadora declara publicamente se alinhar.
Anúncio político e reação violenta nas redes
Sophia Barclay compartilhou a decisão de entrar na disputa política em 15 de dezembro de 2025. A repercussão foi rápida e intensamente negativa em setores conservadores das redes sociais. Usuários publicaram mensagens carregadas de transfobia, questionando sua identidade de gênero e a legitimidade de sua candidatura.
Entre os comentários hostis, um usuário escreveu: "Tire essa peruca e silicones e enfrente as urnas como um candidato honesto". Outra publicação afirmava: "Eu sou de direita e não reconhecemos você como mulher". A enxurrada de ataques foi tamanha que o perfil da influenciadora foi temporariamente desativado após a grande repercussão do anúncio.
Trajetória controversa e alinhamento ideológico
O anúncio da pré-candidatura reacendeu as polêmicas que já rondam o nome de Sophia Barclay. A influenciadora tem histórico de declarações e ações que geram controvérsia. Seu nome esteve associado, por exemplo, a um "exposed" sobre uma suposta relação entre o jogador Neymar e o surfista Pedro Scooby. O caso rendeu a ela um processo judicial movido pelo astro do futebol.
Paradoxalmente, apesar de se declarar uma pessoa trans, Sophia Barclay é conhecida por criticar constantemente pautas e bandeiras do movimento LGBTQIA+. Seu posicionamento político é abertamente alinhado à direita e ao bolsonarismo, o que torna os recentes ataques de bolsonaristas um episódio marcante de conflito dentro do próprio espectro político que ela defende.
Reflexos no cenário político e digital
O caso expõe as tensões e contradições existentes dentro da direita brasileira no que diz respeito a questões de identidade de gênero e diversidade. A pré-candidatura de uma pessoa trans por um partido como o Novo, que busca se consolidar no cenário nacional, e a violenta reação de parte de seu eleitorado potencial, ilustra um desafio político e social complexo.
O episódio também coloca em evidência a violência digital sofrida por candidatos e figuras públicas LGBTQIA+, mesmo quando estas não se filiam a partidos tradicionalmente associados à defesa dessas causas. A temporária saída do ar do perfil de Sophia demonstra o impacto pessoal e profissional desses ataques coordenados.
Com a eleição de 2026 se aproximando, é esperado que casos como este se multipliquem, testando os limites do discurso político online e a capacidade dos partidos em gerenciar conflitos internos e apoiar suas candidaturas diante de ataques vindos de suas próprias bases.