Posto no Recife demite por padrão corporal e exige danças no TikTok
Posto no Recife demite por padrão corporal

Uma rede de postos de combustível no Recife está no centro de uma polêmica trabalhista após exigir que funcionárias usassem uniformes com leggings justas e cropped tops, além de obrigá-las a produzir vídeos de dança para o TikTok. Segundo denúncia, mulheres que não seguiam determinado padrão corporal teriam sido demitidas.

Uniforme inadequado e danças obrigatórias

O caso veio à tona quando uma ex-funcionária do Posto Power procurou o Sinpospetro-PE (Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo e em Lojas de Conveniência e Lava Jato de Pernambuco) para esclarecer questões sobre FGTS. Durante a conversa, ela revelou a obrigatoriedade do uso de uniformes inadequados e a necessidade de participar de vídeos para redes sociais.

"Era uma maneira indireta de dizer que a pessoa tinha que seguir um padrão estético", afirmou Sérgio Pessoa, advogado do sindicato. "Tinha que aprender a fazer dancinha de TikTok", completou ele, relatando que mulheres consideradas "fora do padrão" foram demitidas com a chegada de uma nova gestão.

Justiça determina fim das práticas

A Justiça do Trabalho agiu rapidamente após a denúncia. A juíza Ana Isabel Guerra Barbosa Koury determinou que a rede de postos tem cinco dias para fornecer roupas adequadas às funcionárias, como calças de corte reto e camisas em comprimento padrão. Caso descumpra a decisão, a empresa terá que pagar multa diária de R$ 500 por funcionária.

Em seu despacho, a magistrada foi enfática ao afirmar que o uniforme anterior sexualizava o corpo feminino e submetia as trabalhadoras a situações de constrangimento e assédio. "O dano à sua integridade psíquica e moral é contínuo e de difícil reparação", destacou a juíza.

Empresa se defende e sindicato apura demissões

Em nota, a Petrobahia, empresa responsável pelos postos, declarou que as fotografias das funcionárias usando leggings são antigas e não refletem as práticas atuais da empresa. A empresa afirmou cumprir rigorosamente todas as normas de segurança e saúde no trabalho.

Entretanto, o advogado do sindicato já identificou indícios de body shaming - termo que se refere ao constrangimento praticado contra alguém por causa de seu corpo e aparência. "No decorrer do processo nós vamos apurar melhor essas situações para que o juiz possa decidir sobre o dano causado a elas", finalizou Sérgio Pessoa.