Hospital da Criança de Brasília suspende UTI e atendimentos por falta de R$ 74 milhões
Hospital da Criança de Brasília suspende UTI por falta de verba

O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), referência nacional no atendimento pediátrico, foi obrigado a suspender serviços e fechar leitos de terapia intensiva devido a um grave problema financeiro. A unidade, que responde por mais da metade das UTIs pediátricas da rede pública do Distrito Federal, não recebe repasses do governo local desde outubro de 2025, um déficit que já soma R$ 74 milhões.

Paralisação e Ação Judicial

A partir da última quarta-feira, 17 de dezembro de 2025, a direção do hospital anunciou a desativação temporária de 10 leitos de UTI, além do cancelamento de primeiras consultas, exames e cirurgias eletivas. A medida drástica foi tomada após o esgotamento da reserva técnica da instituição, construída ao longo de anos de gestão criteriosa.

Diante da gravidade da situação, o Ministério Público do DF entrou com uma ação na Justiça na quinta-feira, 18 de dezembro. O órgão pede que o governo distrital regularize os repasses em até 48 horas após uma eventual ordem judicial. A decisão da Justiça sobre o pedido ainda está pendente.

Justificativas e Impacto na Saúde Pública

Em nota oficial, o HCB detalhou a crise. A instituição informou que já havia alertado a Secretaria de Estado de Saúde (SES-DF) sobre os riscos à continuidade dos serviços. A ausência dos recursos, combinada com despesas correntes e compromissos assistenciais inadiáveis, levou ao colapso financeiro. O hospital afirmou ainda que comunicou previamente os responsáveis pelos pacientes sobre os cancelamentos.

O impacto da paralisação é enorme. Segundo o Ministério Público, o Hospital da Criança de Brasília é responsável por 52% dos leitos de UTI pediátrica de toda a rede pública do Distrito Federal. A suspensão de serviços coloca em risco a vida de crianças e adolescentes que dependem do atendimento especializado da unidade.

Respostas do Governo e Histórico do Hospital

A Secretaria de Saúde do DF se manifestou sobre o caso. A pasta afirmou que o repasse referente a outubro foi feito parcialmente e que solicitou autorização à Secretaria de Economia para enviar o valor restante. De acordo com a SES-DF, essa autorização pode ser concedida a qualquer momento.

Fundado em 2011 a partir da mobilização de pais de crianças com câncer, por meio da associação Abrace, o HCB é um modelo de gestão em saúde. Administrado em parceria com o Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe), o hospital possui o selo "Acreditado com Excelência" da Organização Nacional de Acreditação (ONA). Seu trabalho já foi elogiado pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, que o considerou um modelo para o mundo.

A crise atual, no entanto, ameaça esse legado de excelência e deixa centenas de famílias em situação de vulnerabilidade, aguardando uma solução urgente das autoridades para a liberação dos recursos necessários ao funcionamento pleno do hospital.