O Ministério da Defesa da Rússia divulgou, nesta quarta-feira, imagens de um veículo aéreo não tripulado (VANT) que teria sido utilizado em um ataque contra a residência do presidente Vladimir Putin. As autoridades russas classificaram a ação como um "ataque terrorista" cuidadosamente planejado pelo que chamam de "regime de Kiev".
Detalhes do drone e relato do ataque
No vídeo divulgado, um comandante das forças de defesa aérea russas, identificado apenas pelo codinome "Grom" e com o rosto coberto, aparece ao lado dos destroços de uma aeronave. Segundo ele, trata-se de uma versão modificada do UAV Chaklun-B, equipada com uma ogiva explosiva de seis quilos.
"A ogiva explosiva está carregada com diversos agentes causadores de danos e foi projetada para eliminar pessoas e destruir infraestruturas civis", afirmou o militar. Ele destacou que o estado de conservação do drone após ser abatido é considerado "raro", já que a aeronave transportava uma carga altamente explosiva e permaneceu quase intacta.
O suposto ataque ocorreu na transição da noite de domingo para a segunda-feira, dia 29 de dezembro. Um morador de uma aldeia próxima, Igor Bolshakov, deu seu depoimento em outra publicação do Exército russo. "De manhã, um barulho me acordou. Quando saí da cama, entendi o que estava acontecendo. Ouvi o som de foguetes pela primeira vez na minha vida", relatou.
Reações e impacto nas negociações de paz
As publicações de Moscou surgem um dia após a Ucrânia ter solicitado provas concretas sobre o ataque e seu suposto envolvimento. Kiev nega categoricamente qualquer participação na ofensiva, sugerindo que a Rússia estaria criando um pretexto para endurecer sua posição nas negociações de paz.
O timing do incidente chama a atenção. O ataque aconteceu pouco depois de uma reunião entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, na Flórida, para discutir um plano de paz. Na ocasião, Trump afirmou que se estava chegando "muito perto" de um acordo aceitável para todas as partes.
No entanto, após o ataque à sua residência, a posição russa parece ter se tornado mais dura. O ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, advertiu sobre uma "resposta às ações imprudentes" e que a postura de Moscou nas negociações "seria revista". Posteriormente, o próprio Vladimir Putin declarou que o episódio dificultaria o processo diplomático.
Acusações e pedido de provas
Além do vídeo do drone, o Exército russo compartilhou um mapa que supostamente mostra a trajetória dos projéteis lançados a partir do território ucraniano. O general Alexander Romanenkov, responsável pelas unidades de mísseis antiaéreos, reforçou em comunicado que o ataque foi "cuidadosamente planejado".
A Ucrânia, por sua vez, mantém sua versão e exige evidências sólidas das acusações. Para as autoridades em Kiev, a narrativa construída por Moscou serve como uma manobra política para justificar um possível abandono ou alteração dos termos das conversas de paz, que pareciam estar em um momento mais avançado.
Até o momento, não foi confirmado se Vladimir Putin estava presente na residência no momento do ataque. O incidente adiciona uma nova camada de tensão em um conflito que já se arrasta por anos, colocando em risco frágeis avanços diplomáticos.