O mercado financeiro brasileiro teve uma sessão de segunda-feira marcada por cautela e leve queda. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou o pregão do dia 22 de dezembro com uma desvalorização de 0,21%, fechando aos 158,1 mil pontos.
Cenário Doméstico: Dólar em Alta e Projeções Ajustadas
Enquanto a bolsa recuava, o dólar comercial apresentou movimento contrário. A moeda norte-americana terminou o dia em alta, sendo negociada a R$ 5,59, valor que não era observado desde o mês de julho. Segundo Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, a valorização da moeda estrangeira é comum nesta época do ano devido ao aumento do volume de remessas para o exterior.
No front da economia brasileira, o dia começou com a divulgação do Boletim Focus semanal, relatório do Banco Central que compila as projeções de economistas de mercado. O documento apontou uma nova redução na expectativa de inflação para 2025, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de 4,36% para 4,33%. Para 2026, a previsão é de inflação em 4,06%.
Já a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 teve um leve ajuste para cima, saindo de uma estimativa anterior para 2,26%. O mercado agora aguarda a divulgação do IPCA-15, prévia da inflação oficial, marcada para terça-feira, 23.
Eleições e o Comportamento do Mercado
Para o analista Alison Correia, o mercado tem operado com variações percentuais muito pequenas, em um cenário que ele classifica como "próximo do zero a zero". No entanto, ele destaca que um novo fator de atenção começa a ganhar força: o cenário eleitoral.
"Agora, o grande desafio passa a ser o fator eleitoral", afirma Correia. "É fundamental que os negócios tenham mais clareza sobre quem serão os candidatos à Presidência e quem, de fato, tem chances reais de ganhar a corrida."
Entre os papéis de maior peso no índice, os bancos tiveram desempenho misto. O Santander (SANB11) liderou os ganhos, com alta de 1,05%, seguido pelo Itaú (ITUB4), que subiu 0,20%. Na contramão, o Bradesco (BBDC4) recuou 1,41%, e o Banco do Brasil (BBAS3) teve queda de 0,65%.
Tensões Geopolíticas Impulsionam o Petróleo
No cenário internacional, o principal motor para os negócios foi a geopolítica. Novas tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela fizeram os preços do petróleo dispararem. O estopim foi a captura, por parte dos EUA, de mais um navio petroleiro venezuelano em águas internacionais do Caribe.
Com isso, o barril de petróleo do tipo Brent encerrou o dia com um avanço expressivo de 2,60%, sendo negociado a 62 dólares. Esse movimento beneficiou as ações da Petrobras, que fecharam em alta de 0,49%, ajudando a conter uma queda mais acentuada do Ibovespa.
O mercado global também se prepara para a divulgação dos dados do PIB dos Estados Unidos, também previstos para terça-feira, 23. Esses números são cruciais para indicar os próximos rumos da política monetária da maior economia do mundo.
