Funcionalismo público: salário médio é R$ 3.200 nas prefeituras e R$ 14.900 no Judiciário
Desigualdade salarial no funcionalismo público brasileiro

Um estudo divulgado em 2025 revela as profundas disparidades salariais dentro do funcionalismo público brasileiro. Apesar da percepção geral de que servidores estatais têm remunerações elevadas, a realidade mostra que a maior parte deles recebe valores próximos ao piso nacional, enquanto um grupo reduzido concentra os vencimentos mais altos.

Municípios concentram a maioria dos servidores com os menores salários

Os dados são da edição de 2025 do Anuário de Gestão de Pessoas no Serviço Público, elaborado pelo instituto Republica.org. A pesquisa, com base na RAIS de 2023, aponta que as prefeituras são as que pagam os menores vencimentos, mesmo abrigando a maior parte dos funcionários públicos do país.

A mediana dos salários no Poder Executivo municipal era de R$ 3.280 em 2023. Para efeito de comparação, o salário mínimo vigente naquele ano era de R$ 1.320. É na esfera municipal que estão 61,3% dos 10,6 milhões de servidores civis ativos no Brasil. Desse total, 5,8 milhões são funcionários do Executivo municipal, atuando principalmente em serviços de linha de frente, como educação, saúde e administração.

Quando se considera o Executivo das três esferas de poder (municipal, estadual e federal) em conjunto, a mediana salarial sobe para R$ 3.780. Esse valor é ligeiramente inferior ao verificado no Poder Legislativo, onde a mediana é de R$ 4.844, abrangendo vereadores, deputados estaduais e federais, senadores e seus assessores.

Judiciário tem menos de 3% dos servidores e os maiores salários

Na ponta oposta da pirâmide salarial está o Poder Judiciário. Embora represente apenas 2,9% do total de funcionários públicos, este setor concentra as remunerações mais elevadas.

A mediana salarial no Judiciário atinge R$ 14.967. O valor é ainda maior quando a análise se restringe aos magistrados da esfera federal, onde a mediana salarial salta para R$ 17.332. É importante destacar que a mediana, diferente da média, representa o valor recebido pela pessoa que está exatamente no meio da lista ordenada de salários. No caso dos juízes federais, isso significa que metade deles ganha mais do que R$ 17.332.

O que os números revelam sobre a administração pública

Os números compilados pelo Republica.org ilustram uma realidade de extrema desigualdade interna no serviço público. A grande massa de servidores, alocada principalmente nos municípios e em atividades essenciais, recebe pouco mais que dois salários mínimos.

Em contraste, uma parcela ínfima do funcionalismo, composta por carreiras do Judiciário, principalmente magistrados, aufere rendimentos várias vezes superiores. Essa disparidade alimenta debates sobre a Reforma Administrativa e a estrutura de carreiras do Estado brasileiro, evidenciando que a discussão sobre os gastos com pessoal precisa considerar as enormes diferenças entre os diversos grupos de servidores.

O estudo, divulgado em 30 de dezembro de 2025, oferece um retrato detalhado que vai além das generalizações, mostrando que a realidade do funcionalismo é marcada por contrastes extremos entre sua base e seu topo.