O deputado federal Julio Lopes (PP-RJ) fez uma declaração contundente sobre a situação da usina nuclear de Angra 3. Presidente da Frente Parlamentar Mista de Energia Nuclear do Congresso, ele classificou a não conclusão das obras como um ato que "pode ser considerado um crime contra a economia e o sistema elétrico do país".
Prejuízo Bilionário em Meio a Outros Gastos
O parlamentar destacou o custo financeiro da paralisação, que segue desde a Operação Lava Jato. Segundo seus cálculos, o atraso na retomada das obras custou cerca de R$ 1 bilhão aos cofres públicos apenas em 2025. Ele contrastou esse valor com o debate em torno de um empréstimo de R$ 12 bilhões aos Correios, questionando as prioridades do governo.
"Enquanto se discute um empréstimo de 12 bilhões de reais aos Correios, a paralisação das obras de Angra 3 causou em 2025 um prejuízo de cerca de 1 bilhão de reais aos cofres do governo", afirmou Julio Lopes. O projeto da usina, que já dura 39 anos, enfrenta um impasse decisivo.
Um Projeto Estruturado e a Sombra do Abandono
O deputado defende que a solução financeira para concluir Angra 3 já existe. Ele menciona um modelo de "project finance" estruturado pelo BNDES, no qual a energia futura gerada pagaria a obra, em um esquema similar ao utilizado na usina de Itaipu. Dessa forma, o prejuízo anual de bilhões poderia ser evitado.
Lopes alerta que o retardamento compromete e atrasa totalmente o avanço do setor nuclear brasileiro. Agora, o governo tem uma decisão crucial pela frente, com duas opções de custo elevado: gastar R$ 24 bilhões para terminar a usina ou desembolsar R$ 26 bilhões para enterrar definitivamente o projeto.
A Decisão Final e o Futuro Nuclear
A responsabilidade sobre o destino de Angra 3 cabe ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), um colegiado composto por dezessete ministros. A pressão do parlamento, liderada por frentes como a presidida por Lopes, busca acelerar uma definição.
O impasse sobre Angra 3 simboliza um debate mais amplo sobre a matriz energética e os investimentos em infraestrutura de longo prazo no Brasil. A afirmação forte do deputado, chamando a paralisação de potencial "crime", joga luz sobre os custos ocultos do atraso e coloca o tema novamente no centro da discussão política e econômica nacional.