A grande final da Copa do Brasil de 2025 promete muito mais do que a disputa pelo título entre Corinthians e Vasco. O duelo que começa nesta quarta-feira, 17 de dezembro, em São Paulo, e se encerra no domingo, 21, no Rio de Janeiro, terá um atrativo especial à beira do campo: o confronto entre Dorival Júnior e Fernando Diniz, os dois últimos comandantes da Seleção Brasileira antes da era Carlo Ancelotti.
O resgate dos técnicos nacionais
Em um cenário de presença crescente de treinadores estrangeiros no futebol brasileiro, a decisão deste ano marca uma virada. Pela primeira vez desde 2021, a final da Copa do Brasil será disputada por dois comandantes brasileiros. Dorival, pelo Corinthians, e Diniz, pelo Vasco, garantiram essa vaga ao eliminarem, nas semifinais, equipes lideradas por estrangeiros: o Cruzeiro, do português Leonardo Jardim, e o Fluminense, do argentino Luis Zubeldía, respectivamente.
Os últimos anos viram estrangeiros levantar a taça. Em 2024, o Flamengo de Filipe Luís (que assumiu após a saída de um técnico estrangeiro) venceu o Atlético-MG de Gabriel Milito (ARG). Em 2023, o São Paulo de Dorival superou o Flamengo de Jorge Sampaoli (ARG). Já em 2022, o próprio Dorival, então no Flamengo, conquistou o título diante do Corinthians do português Vitor Pereira.
A sombra da passagem pela Seleção Brasileira
Ambos os técnicos buscam conquistar seu primeiro título desde que deixaram o comando da Amarelinha. Fernando Diniz assumiu a Seleção em julho de 2023, de forma interina, conciliando com o Fluminense. Seu ciclo começou com vitórias, mas derrotas para Uruguai, Colômbia e Argentina nas Eliminatórias precipitaram sua saída. Após uma rápida passagem pelo Cruzeiro, assumiu o Vasco em maio de 2025.
Dorival Júnior comandou o Brasil entre janeiro de 2024 e março de 2025. Em oito jogos das Eliminatórias, teve quatro vitórias, dois empates e duas derrotas. A goleada por 4 a 1 para a Argentina em Buenos Aires resultou em sua demissão. Agora, na sua quinta final de Copa do Brasil, ele pode se tornar o técnico mais vitorioso da história da competição, igualando as quatro conquistas de Luiz Felipe Scolari.
Um grito por respeito e valorização
Após classificar o Corinthians, Dorival Júnior fez um discurso emocionado em defesa dos treinadores brasileiros. "Estamos sendo desrespeitados em todos os aspectos e sentidos", afirmou. Ele lembrou o título da Libertadores e do Brasileirão de Filipe Luís em 2024 e a presença brasileira na final da Copa do Brasil como provas da qualidade da categoria. "Que nos respeitem um pouco mais. Que os treinadores brasileiros sejam mais observados, avaliados e analisados", completou.
Do outro lado, Fernando Diniz, que tem como melhor campanha na Copa do Brasil duas semifinais (2021 e 2022), também fez suas defesas. Após a classificação do Vasco nos pênaltis contra o Fluminense, elogiou o goleiro Léo Jardim, defensor de duas cobranças, e o indicou para a Seleção: "É um goleiro postulante, na minha opinião, a disputar uma Copa do Mundo".
O palco está armado. Além da taça, em jogo está o prestígio e a afirmação de dois dos nomes mais discutidos do banco de reservas brasileiro nos últimos anos. A final vai além dos 90 minutos: é um capítulo importante no debate sobre o lugar dos técnicos nacionais no futebol do país.
