A jovem Tainara Souza Santos, de 31 anos, não resistiu aos graves ferimentos e faleceu na véspera de Natal, após uma luta de 25 dias pela vida. Ela foi vítima de um atropelamento seguido de arrastamento por um ex-companheiro na Marginal Tietê, em São Paulo.
Uma longa e dolorosa batalha hospitalar
Tainara passou por múltiplas cirurgias durante o período em que esteve internada. Inicialmente, ela foi atendida no Hospital Municipal Vereador José Storopolli, mas devido à gravidade do caso, foi transferida para o complexo do Hospital das Clínicas, na capital paulista.
Em seus últimos dias, a jovem enfrentou procedimentos extremamente delicados. Na segunda-feira, dia 22 de dezembro, ela foi submetida a uma nova amputação, desta vez na região da coxa, necessária para a reconstrução dos glúteos. Além disso, passou por uma traqueostomia para retirada do tubo respiratório e por uma cirurgia plástica de reparação.
Apesar dos esforços médicos, seu quadro clínico se agravou após a cirurgia de segunda-feira. Por volta do horário do almoço da quarta-feira, 24 de dezembro, a família foi chamada ao hospital para se despedir. Tainara faleceu por volta das 19h da véspera de Natal.
O desabafo de uma mãe em luto
Através de uma postagem emocionada no Instagram, Lúcia Aparecida da Silva, mãe de Tainara, anunciou a triste notícia aos amigos e seguidores. "É com muita dor que venho avisar, que nossa guerreirinha Tay nos deixou", escreveu ela.
Em sua mensagem, Lúcia agradeceu o carinho e as orações recebidas durante o calvário da filha. "Ela acabou de partir desse mundo cruel e está com Deus. É uma dor enorme. Mas acabou o sofrimento e agora é pedir por justiça", desabafou a mãe, resumindo a dor da perda e a busca por responsabilização.
O escritório de advocacia Wilson Zaska, que acompanha o caso, emitiu uma nota confirmando o óbito. "É com profunda tristeza que informamos que Tainara não resistiu aos ferimentos causados pela brutalidade praticada contra ela no dia 29 de novembro", dizia o comunicado, pedindo respeito ao momento da família.
Detalhes do crime e a prisão do agressor
O crime ocorreu na madrugada do dia 29 de novembro. Tainara havia passado a noite em um forró no Bar do Tubarão, no Parque Novo Mundo, Zona Norte de São Paulo, acompanhada de uma amiga e um rapaz.
Douglas Alves da Silva, de 26 anos, identificado como ex-companheiro da vítima, teria iniciado uma discussão no local por ciúmes. De acordo com relatos de uma amiga de Tainara, Letícia Conceição, Douglas chegou ao bar e agrediu o acompanhante masculino. Ao sair do estabelecimento, Tainara encontrou Douglas à sua espera do lado de fora.
O agressor entrou em um Volkswagen Golf preto e avançou deliberadamente contra a vítima. Tainara foi atingida, caiu e ficou presa sob o veículo. Câmeras de segurança registraram o momento horrível em que ela foi arrastada por mais de um quilômetro, da Avenida Morvan Dias de Figueiredo até a Rua Manguari, já na altura da Marginal Tietê.
Testemunhas tentaram intervir para parar o carro, mas Douglas fugiu em alta velocidade. Ele foi preso no dia seguinte, 30 de novembro. Durante a prisão, tentou reagir e tomar a arma de um policial, sendo baleado. Na viatura, alegou que sua intenção era atropelar o homem que acompanhava Tainara, que supostamente o teria ameaçado de morte.
O caso, que era tratado como tentativa de feminicídio, agora se torna um feminicídio consumado. Douglas Alves da Silva permanece preso.
O legado de dor e a busca por justiça
Tainara Souza Santos deixa dois filhos pequenos: um menino de 12 anos e uma menina de 7 anos. A família ainda não divulgou informações sobre o horário e local do velório e enterro.
Este trágico caso ocorre em um ano em que a cidade de São Paulo bateu recorde de feminicídios, acendendo um alarme sobre a violência de gênero. A luta de Tainara por 25 dias simboliza a resistência contra a brutalidade, e agora sua família e amigos concentram forças em um único pedido, ecoado nas palavras de sua mãe: justiça.