Uma força-tarefa formada por órgãos de segurança pública está empenhada em desvendar a origem de uma moto aquática utilizada em um crime incomum: o assalto a um casal que passeava de caiaque dentro do mar, em São Vicente, no litoral de São Paulo. O fato, registrado em vídeo, ocorreu no domingo, 21 de janeiro, a aproximadamente 100 metros da faixa de areia da Praia dos Milionários.
Detalhes do crime e busca pelos criminosos
As imagens, capturadas por uma testemunha, mostram crianças brincando na beira da praia enquanto, mais adiante, dois criminosos em uma moto aquática se aproximam do casal. Os bandidos interagiram com as vítimas por alguns segundos, tomaram os remos do caiaque e um deles chegou a agredir uma das vítimas na cabeça com o objeto. Após o roubo, a dupla abandonou os remos no mar e fugiu em alta velocidade com a embarcação.
A Polícia Civil já identificou um dos suspeitos como Rael Fabiano Veiga Ungaretti, de 19 anos, considerado foragido da Justiça. As investigações seguem para identificar o segundo autor do assalto.
Operação nas marinas e relato das vítimas
Um ponto crucial da investigação é descobrir de onde partiu a moto aquática. No dia do crime, as marinas da cidade estavam fechadas e sem embarcações nas águas, o que pode indicar que os criminosos não saíram de uma delas. No entanto, a polícia não descartou completamente a possibilidade de uso de um dos 19 estabelecimentos do tipo na região.
Equipes da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal já fiscalizaram mais de dez marinas, localizadas entre os bairros Japuí e Parque Bitaru. Três delas foram autuadas por falta de documentação. "Continuaremos nessa fiscalização durante todo o verão", afirmou o Tenente Coronel Renato dos Santos Abreu, destacando a responsabilidade das marinas pelo uso de embarcações por pessoas não habilitadas.
Em entrevista ao g1, a vítima, uma mulher de 47 anos, detalhou a abordagem. Os criminosos se aproximaram, deram uma derrapada para jogar água no caiaque e, após pedir desculpas, gritaram "É casal" para outra moto aquática. Em seguida, anunciaram o assalto exigindo as alianças. "Começou a andar em círculo em volta da gente apavorando", relembrou. Seu marido, de 53 anos, tentou argumentar, informando que eram moradores da cidade, mas a dupla perdeu a paciência e começou a agredi-lo com os remos. "Ele ficou com ferimentos na perna e na cabeça", contou ela, que entrou em pânico com a possibilidade de o marido desmaiar e se afogar. Após entregarem as alianças, os ladrões fugiram.
Repercussão e posicionamento das autoridades
Após o crime, o casal recebeu ajuda de testemunhas na praia. A mulher relatou que, ao procurar um policial em uma base da Operação Verão, ouviu que não havia o que fazer. "Foi uma sensação horrível, de impunidade", desabafou. Ela registrou um boletim de ocorrência online e pede mais atitude dos órgãos de segurança. "Precisa ter policiamento no mar", enfatizou.
A Polícia Militar, em nota, reiterou que, em casos de infrações já consumadas e sem flagrante, a medida adequada é o registro de ocorrência para subsidiar ações preventivas e investigações da Polícia Civil.
A Prefeitura de São Vicente informou que a ocorrência foi atendida pela PM e que apoia as investigações. Disse ainda que promove fiscalizações em marinas com a PM para inibir irregularidades, como o aluguel de motos náuticas sem registro, e estuda formas de regulamentar com mais rigor o trânsito de embarcações. A administração municipal ressaltou que a Marinha do Brasil é a principal responsável pela segurança no mar e que já oficiou os órgãos competentes solicitando fiscalizações mais intensas.
A Capitania dos Portos de São Paulo, por sua vez, afirmou que não foi notificada oficialmente sobre o caso e que suas ações focam na segurança da navegação e prevenção da poluição. O órgão destacou que questões de segurança pública, como esta, são de competência dos órgãos de segurança pública estaduais e municipais.
