Escândalos políticos abalam aliados de Lula e Bolsonaro em 2025
Novos escândalos testam aliados de Lula e Bolsonaro

O cenário político brasileiro entra no ano pré-eleitoral de 2026 com dois grandes focos de tensão, atingindo as bases de apoio dos principais líderes nacionais: o ex-presidente Jair Bolsonaro e o atual mandatário, Luiz Inácio Lula da Silva. De um lado, uma operação judicial de peso atinge figuras centrais do bolsonarismo no Congresso. De outro, o escândalo bilionário da Previdência continua a gerar desgaste para o governo federal, com recentes menções ao filho do presidente.

Operação atinge núcleo duro bolsonarista no Legislativo

A autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, para uma operação contra os deputados Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, ambos do PL, representa um golpe em uma engrenagem fundamental da extrema-direita no Parlamento. A decisão, baseada em relatório da Polícia Federal e parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), afasta qualquer leitura de que se trata de uma ação com motivação política superficial.

Os dois parlamentares não são figuras periféricas. Eles são lideranças centrais do PL e possuem trânsito direto junto à família Bolsonaro. Sóstenes Cavalcante, em particular, tem um vínculo histórico público com o pastor Silas Malafaia, destacando sua influência em setores específicos da base aliada.

As investigações descrevem um esquema clássico de corrupção, envolvendo o uso irregular da cota parlamentar, a existência de uma empresa de fachada e movimentações financeiras milionárias que não condizem com a renda declarada de assessores. Pagamentos realizados "por fora" e a apreensão de dinheiro em espécie são, para os investigadores, sinais claros de uma tentativa de ocultação deliberada de recursos.

Governo Lula enfrenta desgaste com escândalo da Previdência

Enquanto a direita vê seus operadores políticos no Congresso serem alvo de uma investigação robusta, o governo Lula também chega a este período decisivo com um flanco aberto. O escândalo bilionário da Previdência já provocou baixas significativas, tendo derrubado um ministro de Estado e atingido o número dois da pasta, além de alcançar outros aliados da base governista.

O caso ganhou um novo componente de alta sensibilidade política com a recente citação do nome de Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente. Sua menção em mensagens trocadas entre investigados e a pressão política por um aprofundamento das apurações criam um ambiente desfavorável para o Palácio do Planalto.

É crucial, contudo, estabelecer a hierarquia dos fatos. Até o momento, no que diz respeito ao filho do presidente, não há decisão judicial nem provas materiais concretas que se equiparem ao volume de evidências reunidas contra os deputados do PL. Trata-se, portanto, de um risco político considerável, especialmente em um horizonte eleitoral, mas que está em um patamar diferente em termos de consistência probatória.

Um cenário desconfortável para ambos os lados

O quadro que se desenha às vésperas de um ano eleitoral decisivo é de desconforto para as duas principais forças políticas do país. A direita bolsonarista precisa lidar com a investigação de alguns de seus principais articuladores no Congresso Nacional, alvos de um inquérito que aparenta ser sólido e bem documentado.

A esquerda, por sua vez, enfrenta um desgaste que é potencialmente crescente. O andamento das apurações sobre o rombo na Previdência pode trazer novas revelações e aumentar a pressão sobre o governo. Dessa forma, ambos os campos chegam ao início da disputa eleitoral com vulnerabilidades expostas, ainda que a natureza e a gravidade imediata dessas fragilidades sejam distintas.

O episódio reforça a atuação do Supremo Tribunal Federal como peça central em investigações de alto impacto político e mostra como a Justiça continua a ser um árbitro poderoso no tabuleiro da política nacional, definindo os ritmos e as crises que ambos os lados terão de administrar no caminho para 2026.