Transporte é um dos maiores poluidores no RJ, com 114 mi de toneladas de CO2 em 10 anos
Transporte polui e causa ilhas de calor no Rio, diz pesquisa

Um estudo recente coloca o setor de transporte na lista dos grandes vilões ambientais do estado do Rio de Janeiro. Além dos já conhecidos congestionamentos que testam a paciência dos cidadãos, a frota de veículos emite quantidades massivas de gás carbônico, impactando diretamente o clima e a qualidade de vida da população.

Energia lidera, e transporte é destaque negativo

De acordo com dados compilados pela Casa Fluminense e pelo Observatório do Clima, o setor de energia foi o maior responsável pelas emissões de poluentes no estado, respondendo por impressionantes 65% de todo o gás carbônico liberado na atmosfera. Dentro desse panorama, o transporte surge como um dos principais contribuintes, dividindo a culpa com a produção de combustíveis e a geração de energia elétrica.

Os números são alarmantes: em uma década, carros, motos, ônibus e caminhões lançaram aproximadamente 114 milhões de toneladas de gás carbônico no ar. Essa poluição não só alimenta o aquecimento global, como também tem um efeito local perverso: a formação e intensificação das chamadas ilhas de calor urbanas.

Congestionamentos que aquecem a cidade

O problema vai além do estresse ao volante. Os engarrafamentos crônicos têm uma consequência ambiental direta: veículos parados ou em baixa velocidade emitem mais poluentes. Esse gás carbônico extra contribui para elevar as temperaturas em áreas específicas, criando bolsões de calor intenso que afetam o bem-estar da população.

O estudo da Casa Fluminense, que utilizou dados da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), mapeou esse fenômeno. Os pesquisadores analisaram a temperatura do solo por meio de sensores de satélite, um método crucial para o planejamento urbano. A pesquisa identificou os municípios da Região Metropolitana com os maiores índices de aquecimento.

A capital fluminense lidera o ranking, com uma variação de 54% na temperatura. Na sequência, aparecem Mesquita (40,98%), Niterói (37,5%), Magé (33,5%) e Maricá (32,49%).

Bairros mais afetados e a busca por soluções

A falta de planejamento urbano adequado, como a escassez de áreas verdes e arborização em muitos bairros, é apontada como um fator que agrava diretamente o problema. A pesquisa também listou os dez bairros do Grande Rio que mais sofrem com as ilhas de calor:

  • Santa Cruz
  • Campo Grande
  • Cachambi
  • Galeão
  • Todos os Santos
  • Pavuna
  • Venda Velha
  • Pilares
  • Imbariê
  • Guaratiba

Diante desse cenário, especialistas fazem um alerta urgente. Eles afirmam que, sem investimentos maciços em transporte público de qualidade, em opções de mobilidade sustentável e na criação e preservação de áreas verdes, os efeitos do calor extremo devem se intensificar nos próximos anos, comprometendo ainda mais a saúde pública e o conforto térmico nas cidades.