As fortes chuvas que atingiram o estado do Tocantins no último sábado, dia 20, provocaram alagamentos significativos nas cidades de Palmas e Gurupi. Além dos prejuízos materiais e situações de risco, o temporal destacou atitudes de solidariedade e profissionalismo. Um repórter e uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar foram protagonistas em ações que garantiram a segurança de cidadãos ilhados pela água.
Repórter abandona cobertura para ajudar motociclista em Palmas
Durante a cobertura do temporal na capital, o repórter da TV Anhanguera, Matheus Dias, de 26 anos, percebeu uma situação crítica. Ao lado do repórter cinematográfico Nonato Carneiro, de 54 anos, ele notou uma motociclista presa em um cruzamento alagado. A mulher permanecia no local há vários minutos, sem conseguir sair da enxurrada, enquanto outras pessoas apenas observavam.
"De muitas reportagens que eu já fiz, essa foi uma das que mais me marcou, principalmente pela falta de empatia de quem passava pelo local", relatou Matheus. Após cerca de 15 minutos sem que ninguém oferecesse ajuda, o jornalista decidiu interromper seu trabalho e agir. "A gente percebeu que ninguém ia ajudar e, naquela hora, não teve como ignorar. Era uma pessoa precisando", afirmou.
Ao entrar na correnteza, a água ultrapassou a altura de suas galochas e molhou toda sua roupa. A vítima, uma diarista que voltava do trabalho, havia perdido celular, chaves, sandálias e sofrido danos na motocicleta. Ela também estava em estado de choque e preocupada por não conseguir avisar seus filhos, que a esperavam com uma babá.
Matheus e Nonato ajudaram a retirar a moto da água e conseguiram contatar a irmã da mulher, que foi ao local prestar apoio. "Isso faz bem para o coração e para a alma. A gente espera que situações assim não se repitam e que haja mais empatia", completou o repórter.
Bombeiros realizam resgate rápido em Gurupi
Em Gurupi, a atuação do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins evitou uma tragédia de maiores proporções. Após a chuva intensa, um ponto abaixo do viaduto da via de integração, em frente ao Hotel Oiti, ficou completamente alagado, deixando dois veículos ilhados com pessoas dentro.
O comandante do socorro, 3º sargento Luís Henrique Rodrigues de Paula, de 37 anos, explicou que o risco era iminente. "A água já estava chegando perto do teto dos veículos, e isso aumenta muito o risco de afogamento. Quando a gente chega, não sabe quem está dentro: se tem criança, idoso ou alguém com dificuldade de locomoção", afirmou.
Os bombeiros montaram uma linha de vida com cordas e conduziram as vítimas para um local seguro. A operação durou aproximadamente dez minutos e ocorreu sem intercorrências. Após o resgate, a equipe permaneceu no local para evitar que outros motoristas tentassem atravessar a área alagada, posicionando a viatura como barreira.
Os veículos foram retirados posteriormente pelos proprietários, depois que o nível da água baixou. O Corpo de Bombeiros reforça a orientação de que áreas alagadas não devem ser usadas como passagem e pede que situações de risco sejam comunicadas imediatamente pelo telefone 193.
Lições de empatia em meio ao caos
Os episódios registrados em Palmas e Gurupi vão além dos estragos materiais causados pelas fortes chuvas. Eles evidenciam como ações rápidas e decisivas, movidas pela empatia e pelo senso de dever, podem fazer a diferença entre o perigo e a segurança.
Enquanto o repórter Matheus Dias optou por colocar a assistência humanitária acima da cobertura jornalística, os bombeiros de Gurupi aplicaram protocolos de salvamento que garantiram a integridade física dos envolvidos. Ambas as histórias servem como um lembrete poderoso da importância da solidariedade coletiva, especialmente durante eventos climáticos extremos que têm se tornado mais frequentes.
