Os Estados Unidos deram um passo significativo no apoio militar a Taiwan ao anunciar a maior venda de armas da história entre os dois lados. O pacote, avaliado em impressionantes US$ 11 bilhões, foi divulgado pela Agência de Cooperação em Segurança para a Defesa americana na quarta-feira, 17 de dezembro de 2025.
Detalhes do histórico acordo militar
A transação monumental, que ainda precisa da aprovação final do Congresso dos Estados Unidos, ocorre em um momento de crescente pressão da China sobre a ilha, que Pequim considera uma província rebelde. Esta é a segunda venda de armas autorizada para Taipei desde o retorno do presidente Donald Trump à Casa Branca, em janeiro de 2025.
Caso confirmada pelo Legislativo americano, esta negociação superará todas as 19 rodadas de comércio bélico realizadas durante a administração anterior do democrata Joe Biden, que somaram US$ 8,38 bilhões. O primeiro mandato de Trump, por sua vez, já havia aprovado vendas de armas ao país asiático que totalizaram US$ 18,3 bilhões.
O pacote atual inclui equipamentos de alto poder, como:
- Sistemas de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade (HIMARS), avaliados em cerca de US$ 4 bilhões.
- Obuseiros com propulsão automática, também com valor estimado em US$ 4 bilhões.
Reações imediatas e tensão geopolítica
O Departamento de Estado americano justificou o acordo, afirmando que ele serve aos interesses de Washington ao apoiar os esforços de Taiwan para "modernizar suas forças armadas e manter uma capacidade defensiva crível". Do lado taiwanês, a gratidão foi imediata. Taipei agradeceu aos Estados Unidos, declarando que o auxílio ajudará a ilha a "construir rapidamente capacidades robustas de dissuasão".
Esta movimentação ocorre após Taiwan anunciar, em outubro, a construção de um sistema de defesa aérea em múltiplas camadas para se proteger de "ameaças externas", uma referência indireta, mas clara, à China.
A fúria de Pequim e o risco de escalada
A resposta da China foi rápida e contundente. Pequim condenou veementemente a negociação, acusando-a de "minar severamente a soberania, segurança e integridade territorial da China". O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakum, foi enfático ao declarar: "A tentativa dos EUA de apoiar a independência pela força só vai sair pela culatra, e sua tentativa de conter a China usando Taiwan absolutamente não terá sucesso".
A posição chinesa é baseada em sua visão histórica de que Taiwan é "inequivocamente e irreversivelmente um território chinês", uma província rebelde desde o fim da Guerra Civil Chinesa na década de 1940. Embora autônoma na prática, a ilha vive sob a constante ameaça de "reunificação" forçada, com a China não descartando o uso da força para alcançar esse objetivo.
O anúncio da venda de armas inflama ainda mais uma das rivalidades geopolíticas mais delicadas do mundo, com Pequim realizando operações militares diárias nos céus e mares ao redor de Taiwan, em uma campanha vista como um assédio constante. O pacote de US$ 11 bilhões não é apenas um recorde numérico, mas um sinal político potente que redefine os contornos da tensão no Estreito de Taiwan e testa os limites das relações entre as duas maiores potências globais.