Maduro é nomeado 'arquiteto da paz' na Venezuela em cerimônia bolivariana
Maduro recebe título de 'arquiteto da paz' na Venezuela

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu um título honorífico durante uma cerimônia realizada na quarta-feira (17), em Caracas. A Sociedade Bolivariana da Venezuela o premiou e nomeou como "arquiteto da paz", em um evento que também marcou os 195 anos da morte de Simón Bolívar, libertador do país.

Honraria e cerimônia bolivariana

Na mesma ocasião, Maduro foi designado como presidente honorário da entidade. A condecoração ocorreu na sede da Sociedade Bolivariana da Venezuela, local que abriga um acervo de obras dedicadas a Simón Bolívar. Durante o discurso, o mandatário fez referência ao título recebido, afirmando: "Arquiteto da paz...amém...A paz será meu porto, minha glória. A paz será meu desejo, minha vitória".

A decisão de conceder o título e o prêmio a Maduro foi tomada por unanimidade pelas diretorias da Sociedade Bolivariana da Venezuela e da Sociedade Bolivariana de Caracas, cidade natal do presidente. Mireya Leal Beaujón, primeira vice-presidente da sociedade, declarou durante a cerimônia que Maduro "tem construído, e (nós) lhe devemos a paz da Venezuela e da América Latina".

Contexto político e ausência de precedentes

A pomposa cerimônia de homenagem a Maduro aconteceu apenas uma semana depois de um evento internacional de destaque envolvendo a oposição venezuelana. A principal líder oposicionista, María Corina Machado, foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em Oslo, na Noruega.

Machado enfrentou obstáculos para receber a honraria, tendo de empreender uma fuga cinematográfica da Venezuela e chegando à capital norueguesa um dia após a cerimônia oficial de entrega do Nobel.

Uma consulta ao estatuto da Sociedade Bolivariana de Caracas, datado de 2006, não mostra qualquer menção ao prêmio "arquiteto da paz". Também não há registro de ganhadores anteriores a Maduro no site da entidade. O documento estabelece que, em 17 de dezembro, a diretoria deve realizar um ato público para marcar o aniversário da morte de Simón Bolívar, incluindo a obrigatoriedade de "um minuto de silêncio" em homenagem.

Contraste de narrativas e cenário internacional

Os eventos consecutivos envolvendo Maduro e Machado destacam o profundo divisor político na Venezuela, com narrativas opostas sobre paz, liberdade e reconhecimento sendo promovidas em arenas distintas.

Enquanto o governo celebra um título interno concedido por uma sociedade bolivariana, a oposição recebe uma das maiores honrarias internacionais, ainda que sua principal representante tenha enfrentado dificuldades para estar presente. Este contraste ocorre em um momento de atenção global sobre a região.

Paralelamente, notícias internacionais divulgadas no mesmo dia informaram que a Europa desistiu de um esquema que usaria reservas russas congeladas, no valor de aproximadamente R$ 1,17 trilhão, para ajudar a Ucrânia. Para evitar acusações de roubo, o valor que lastrearia um empréstimo a Kiev será bancado por fundos da União Europeia, visando evitar a insolvência do governo do presidente Volodymyr Zelenski.