O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um alerta contundente sobre os riscos de uma intervenção armada dos Estados Unidos na Venezuela. Durante a abertura da Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, ele classificou a possibilidade como uma "catástrofe humanitária" e um "precedente perigoso para o mundo".
Críticas à presença militar estrangeira
Em seu discurso, Lula não poupou críticas à movimentação de uma "potência extrarregional" no continente americano, referindo-se claramente aos Estados Unidos. Ele argumentou que as verdadeiras ameaças à soberania das nações hoje são a guerra, as forças antidemocráticas e o crime organizado.
As declarações ocorrem em um momento de escalada nas tensões entre os governos de Nicolás Maduro, na Venezuela, e Donald Trump, nos Estados Unidos. Washington mantém um aparato militar no Caribe desde agosto, justificado inicialmente como parte do combate ao narcotráfico.
Voos militares e demonstração de força
A situação se tornou mais crítica na última quinta-feira, 18 de dezembro. Pelo menos oito aeronaves militares americanas sobrevoaram áreas do Caribe próximas à costa venezuelana, chegando a poucos quilômetros da capital, Caracas.
A esquadra detectada por plataformas de monitoramento incluía:
- Caças de combate
- Jatos de guerra eletrônica
- Aviões de alerta antecipado e vigilância
Os voos partiram de bases na região e dos próprios Estados Unidos, passando perto de áreas sensíveis como a ilha de La Orchila, uma possível base do governo Maduro. A ação foi vista como uma clara demonstração de força em um momento de forte deterioração nas relações diplomáticas.
Respostas e risco de conflito
Em resposta ao bloqueio naval total decretado por Donald Trump contra petroleiros sancionados, Nicolás Maduro ordenou que embarcações venezuelanas passem a navegar sob escolta militar. Paralelamente, a Venezuela autorizou a saída de grandes petroleiros com destino à China, seu principal comprador, buscando sustentar o fluxo de exportações de petróleo.
Esta situação eleva consideravelmente o risco de incidentes militares na região e tem gerado críticas internacionais. A China já classificou as medidas americanas como intimidação unilateral.
O próprio Donald Trump alimentou os temores de um conflito aberto. Em entrevista à NBC News na sexta-feira, 19 de dezembro, ele afirmou que não descarta a possibilidade de uma guerra contra a Venezuela. Questionado sobre um conflito direto, respondeu: "Não descarto essa possibilidade, não".
Ao ser perguntado se seu objetivo final seria a deposição de Maduro, Trump evitou esclarecer, dizendo apenas: "Ele sabe exatamente o que eu quero, sabe melhor do que ninguém".
O alerta feito por Lula no Mercosul reflete a preocupação regional com a possibilidade de um conflito armado de grandes proporções no hemisfério, com consequências humanitárias imprevisíveis e um precedente geopolítico extremamente delicado.