Lula ganha fôlego para 2026: favorito apesar de alta rejeição
Lula favorito para 2026, mesmo com alta rejeição

O cenário político brasileiro para 2026 ganhou um contorno mais definido no final de 2025, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reassumindo a condição de favorito na corrida eleitoral. Essa retomada ocorre apesar de ele carregar um alto nível de rejeição e após um ano de fortes turbulências e queda em sua popularidade.

Da crise ao contra-ataque: a virada de 2025

O ano de 2025 começou de forma complicada para o mandatário. Uma combinação de fatores, liderada pelo encarecimento dos alimentos e por uma campanha da oposição que acusava o governo de planejar taxar o uso do Pix, fez com que a popularidade de Lula derretesse. A situação foi tão crítica que, dentro e fora do PT, cogitou-se a possibilidade de o presidente não buscar a reeleição, temendo uma derrota que encerraria sua longa carreira de forma melancólica.

No entanto, o debate sobre uma desistência foi breve. Utilizando o poder e o alcance do Palácio do Planalto, Lula anunciou uma série de medidas de impacto direto no bolso do eleitor. Entre elas, destacaram-se o aumento do programa do gás de cozinha, a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e a oferta massiva de crédito habitacional para as classes média e baixa.

Discurso e oportunidade: o fator externo

Além da caneta presidencial, Lula contou com um aliado inesperado: a política externa. O anúncio de tarifas às exportações brasileiras pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, serviu como um trunfo político. O petista aproveitou a situação para desgastar opositores bolsonaristas, posicionar-se como defensor da soberania nacional e, finalmente, encontrar um discurso unificador para sua gestão.

Essa combinação de ações permitiu que Lula se recuperasse, ainda que parcialmente, da imagem abalada. Ele recuperou fôlego e reenergizou sua equipe de campanha, mesmo sem ter solucionado problemas estruturais do país, como o déficit nas contas públicas e o avanço da criminalidade.

A campanha permanente e o histórico eleitoral

Ao final de 2025, com o uso intensivo da máquina pública, um investimento quase bilionário em publicidade e uma militância ativa nas redes sociais, Lula terminou o ano liderando as simulações de intenção de voto para 2026. Aos 80 anos, ele já está em plena campanha, dedicando-se a demonstrar vigor físico em cenas cuidadosamente coreografadas para as redes sociais.

Confidente, ele afirma ter disposição de sobra para encarar a eleição e um eventual novo mandato. Se confirmada a candidatura, será a sétima disputa presidencial de Lula em apenas dez eleições realizadas desde a redemocratização. Um verdadeiro "tira-teima" pessoal, dado que seu currículo eleitoral registra três vitórias e três derrotas nas urnas.

O caminho até outubro de 2026, portanto, promete ser longo e acirrado. Lula parte na frente, mas carrega o peso de uma rejeição significativa e a incerteza sobre a capacidade de manter a recuperação política conquistada no último ano.