Menino ucraniano Roman Oleksiv: símbolo da barbárie da guerra e da força da vida
Roman Oleksiv: menino que sobreviveu a ataque e emocionou Europa

Enquanto o mundo se prepara para entrar em 2026, uma história ocorrida em 2025 permanece como um lembrete brutal do custo humano dos conflitos. A trajetória de Roman Oleksiv, um menino ucraniano de onze anos, transcende as manchetes para se tornar um símbolo potente da barbárie da guerra e da incrível resiliência da vida.

O Ataque que Mudou Tudo

No dia 14 de julho de 2022, a cidade ucraniana de Vinnitsia foi alvo de um ataque aéreo russo. Três foguetes atingiram um hospital civil, matando 24 pessoas. Entre os presentes estava Roman Oleksiv, então com sete anos, que acompanhava a mãe para um exame médico.

O bombardeio soterrou completamente sua mãe, deixando apenas os cabelos visíveis. Foi assim que Roman a identificou. Em um depoimento comovente no Parlamento Europeu, no dia 11 de dezembro de 2025, o menino narrou o momento final. “Foi a última vez que vi minha mãe. Foi a última vez também que me despedi dela”, contou, causando uma pausa na tradução pela emocionada intérprete, Ievgenia Razumkova. “Eu consegui passar a mão no cabelo dela e dizer adeus”.

A Luta Pela Sobrevivência e a Recuperação

Roman não saiu ileso da tragédia. Ele sobreviveu com 45% do corpo queimado, incluindo rosto, parte do couro cabeludo e orelhas. As queimaduras eram tão profundas que atingiam os ossos. Ele passou cem dias em coma e, ao acordar, encontrou todos os membros enfaixados devido a fraturas e ferimentos por estilhaços. Suas feições faciais haviam sido destruídas, e os médicos temiam que ele não voltaria a andar ou a mover a mão esquerda.

Transferido para um hospital especializado em Dresden, na Alemanha, Roman iniciou uma saga de 35 operações. Sua recuperação, porém, foi marcada por uma força impressionante. Ele retomou as aulas de dança de salão, modalidade prestigiada na Ucrânia, ainda usando a máscara elástica para tratar as queimaduras. Também voltou a estudar o bayan, um tipo de acordeão tradicional ucraniano.

O Contexto Geopolítico e o Futuro

A história de Roman emerge em um momento de frágeis negociações de paz. Embora detalhes do encontro entre Donald Trump e Volodimir Zelenski, ocorrido em um domingo na Flórida, não tenham sido totalmente revelados, alguns pontos de um possível acordo vieram à tona com a anuência de “90%” entre Ucrânia e Estados Unidos.

O plano discutido inclui:

  • Garantias de segurança americanas por 15 anos para neutralizar uma nova invasão.
  • Manutenção de um exército ucraniano de 800 mil integrantes.
  • Criação de uma zona desmilitarizada na região mais disputada.
  • Ingresso da Ucrânia na União Europeia em 2027.
  • Possível presença de tropas europeias para supervisionar os acordos.

Trata-se de um acordo considerado amargo para a Ucrânia, que pode ser forçada a aceitar a cessão de cerca de 20% de seu território, atualmente ocupado pela Rússia. O governo russo, por sua vez, já declarou que consideraria tropas europeias no território como forças inimigas.

Um Símbolo que Não Pode ser Esquecido

Independentemente do desenrolar diplomático, a história de Roman Oleksiv permanece como um testemunho irrefutável. Se um acordo de paz impedir que novas crianças passem por horrores semelhantes, este será um ponto crucial a ser ponderado. A imagem do menino de sete anos se despedindo da mãe soterrada é um lembrete eterno das consequências humanas das decisões geopolíticas.

Enquanto a Rússia continua seu projeto de “incorporação” total da Ucrânia, anunciado por Vladimir Putin, e novos ataques como o de drones relatados contra a residência oficial do líder russo ocorrem, histórias como a de Roman desafiam a indiferença. Elas simbolizam tanto a pulsão destrutiva da guerra quanto a extraordinária força para reconstruir uma vida, pedindo que 2026 seja um ano de menos sofrimento e mais humanidade.