Havaianas vira alvo da direita após campanha com Fernanda Torres
Havaianas criticada por direita após campanha com Fernanda Torres

Uma nova campanha da marca de chinelos Havaianas, protagonizada pela atriz Fernanda Torres, desencadeou uma forte reação de políticos e influenciadores alinhados à direita nas redes sociais. O ponto central da controvérsia é uma frase dita por Torres no comercial, que foi interpretada como uma mensagem política.

A origem da polêmica

No anúncio, a atriz Fernanda Torres afirma não desejar que o público comece o ano de 2026 "com o pé direito", mas sim "com os dois pés". A declaração, aparentemente inocente, foi lida por figuras públicas da direita como um posicionamento ideológico da marca contra seus valores. A Havaianas, procurada pela reportagem, não se manifestou sobre o caso até o momento da publicação.

Entre as vozes mais destacadas das críticas está a do ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro. Em um vídeo publicado em seu Instagram, que já acumula mais de 5 milhões de visualizações e 600 mil curtidas, ele expressou decepção, afirmando que acreditava que a Havaianas era um símbolo nacional. "Só que eu me enganei, eles escolheram para ser a garota-propaganda da sandália uma pessoa declaradamente de esquerda", disse. No vídeo, ele ainda descarta os dois pés do chinelo no lixo e escreve a frase "quem lacra não lucra".

Repercussão política e ameaça de boicote

Outros nomes do campo conservador também se manifestaram. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL) comentou no X (antigo Twitter), sugerindo um boicote: "Havaianas, nem todo mundo agora vai usar". Já o senador por Minas Gerais Cleitinho Azevedo (Republicanos) publicou vídeos analisando a propaganda, que se tornaram os mais vistos de seu perfil, com 2,8 milhões de visualizações. Ele associou a mensagem ao cenário eleitoral de 2026 e à contratação de uma atriz que, em sua visão, é declaradamente contra a direita.

O empresário Luciano Hang, dono da rede Havan, entrou na discussão anunciando que, neste verão, passaria a usar apenas chinelos da concorrente Ipanema. A postagem mais recente do perfil oficial da Ipanema no Instagram, que normalmente recebia entre 10 mil e 30 mil curtidas, disparou para mais de 614 mil, com comentários de apoiadores incentivando a marca a aproveitar a "oportunidade".

Reações da esquerda e viralização nas redes

Do outro lado do espectro político, as tentativas de boicote também geraram reações. A deputada federal Erika Hilton (PSOL) questionou nas redes sociais: "Como assim os bolsonaristas tão cancelando até as Havaianas? Será que não serve direito nos cascos deles?". O vereador Pedro Rousseff (PT) ironizou a situação, sugerindo que os apoiadores da direita teriam que usar tornozeleiras eletrônicas para deixar de usar os chinelos.

A polêmica extrapolou o debate entre políticos e viralizou entre usuários comuns. Nas redes sociais, começaram a circular imagens geradas por inteligência artificial e montagens humorísticas com os chinelos em formato de ferradura. Com a proximidade do Natal, muitos brincaram com a ideia de presentear familiares alinhados à direita com produtos Havaianas, indicando que a repercussão negativa poderia, na prática, ampliar a visibilidade da marca.

O episódio lembra o caso da cerveja Bud Light em 2023, citado pelo próprio Eduardo Bolsonaro. Na ocasião, uma campanha com a influenciadora transgênero Dylan Mulvaney levou a um boicote massivo de grupos conservadores, resultando em queda nas vendas e na troca de executivos da empresa. Agora, a pergunta que fica no ar é se a Havaianas enfrentará consequências comerciais semelhantes ou se a polêmica se dissipará após o período de festas.