O icônico Kennedy Center, em Washington, passou a exibir na semana passada o nome do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em sua fachada, site e redes sociais. A instituição, dedicada às artes cênicas, agora se chama oficialmente The Donald J. Trump and The John F. Kennedy Memorial Center for the Performing Arts, ou Centro Memorial Donald J. Trump e John F. Kennedy para as Artes Cênicas.
Uma mudança controversa e questionada
A alteração foi anunciada após o que a Casa Branca descreveu como uma votação unânime do conselho administrativo do centro. No entanto, a decisão rapidamente se tornou alvo de críticas e análises jurídicas. Especialistas consultados pela reportagem afirmam que a mudança de nome do Kennedy Center é ilegal, levantando dúvidas sobre a legitimidade do processo.
Enquanto o debate sobre a legalidade esquenta, um detalhe curioso veio à tona. A revista Variety noticiou que o próprio Kennedy Center não é o atual proprietário dos domínios de internet que naturalmente acompanhariam o novo nome, como trumpkennedycenter.org e trumpkennedycenter.com.
Roteirista de comédia se adianta e registra domínios para sátira
Quem agiu primeiro foi o roteirista de comédia Toby Morton, conhecido por seu trabalho em programas como "South Park" e "Mad TV". Em agosto, ele registrou os dois domínios, antecipando a possibilidade de Trump e seus aliados adicionarem o nome do republicano ao importante ponto turístico da capital americana.
"Assim que Trump começou a desmantelar o conselho do Kennedy Center no início deste ano, pensei: 'É isso aí, esse nome vai para o prédio'", explicou Morton em entrevista ao jornal Washington Post. Ele defende que o Kennedy Center "sempre foi uma instituição cultural destinada a sobreviver a qualquer governo ou personalidade", existindo para honrar a cultura e não o ego. "Uma vez que passou a ser tratado como uma ferramenta de marketing pessoal, a sátira se tornou inevitável", completou.
O que esperar dos sites satíricos
Apesar de já ter os domínios em mãos, Toby Morton ainda não os tornou públicos. O roteirista, porém, prometeu que, quando lançar os sites trumpkennedycenter.org e trumpkennedycenter.com, o conteúdo será uma sátira que "refletirá absolutamente o absurdo do momento".
"Muitas surpresas. Algumas coisas são realmente difíceis de parodiar", acrescentou Morton, sugerindo que a própria situação já possui elementos cômicos intrínsecos. A expectativa é que os sites usem o humor para criticar a politização de uma instituição cultural histórica e a tentativa de imortalizar a figura de um presidente recente e polarizador ao lado de um nome consagrado como John F. Kennedy.
O episódio coloca em evidência a tensão entre legado político, cultura e liberdade de expressão. Enquanto o governo defende a homenagem, a justiça pode ser acionada para questionar sua legalidade, e a reação popular e midiática, através do humor, já começou a tomar forma na internet, mostrando que a controvérsia está longe do fim.
