Uma nova modalidade de crime tem aterrorizado moradores e turistas nos bairros de Copacabana e Leme, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Conhecida como "gangue da bike", grupos de criminosos utilizam bicicletas para realizar assaltos rápidos e violentos, focando principalmente no roubo de cordões e colares de alto valor.
Modus operandi: velocidade e violência nas abordagens
As ações, registradas por câmeras de segurança, seguem um padrão assustador. Os ladrões se aproximam rapidamente das vítimas de bicicleta, arrancam cordões ou colares e fogem pelas ruas transversais em questão de segundos. A rapidez é tanta que, em muitos casos, só é possível perceber o crime ao rever as imagens em câmera lenta.
As abordagens, no entanto, não se limitam ao furto. Há relatos de agressões físicas durante os roubos. Em um dos casos, uma vítima descreveu ter sentido "um soco na nuca" antes de ter seu colar e fones de ouvido arrancados. O criminoso, segundo ela, fugiu tranquilamente de bicicleta, "como se nada tivesse acontecido".
Os prejuízos são significativos. Em um roubo flagrado no Leme, dois homens levaram um cordão avaliado em R$ 25 mil. Em Copacabana, uma mulher teve um colar de R$ 16 mil arrancado enquanto caminhava pela orla.
Vítimas de todas as idades e horário de ação
A violência da gangue da bike não poupa ninguém, nem mesmo adolescentes. Wendell Moura relatou que seu filho de 13 anos foi atacado. "Enforcaram ele, grudaram ele na parede, deram um soco no abdômen dele, puxaram o celular, pegaram a sacolinha", contou o pai, indignado com a covardia dos criminosos.
Moradores apontam que o horário preferido para os ataques é no início da manhã, antes das 9h, quando a praia está mais vazia e ocorre a troca de turno do patrulhamento. É também o momento em que muitos turistas saem dos hotéis, tornando-se alvos fáceis. Testemunhas afirmam já ter visto mais de meia dúzia de casos nesse período.
Subnotificação e alerta das autoridades
Os números oficiais já são alarmantes. De acordo com o batalhão da Polícia Militar da área, somente em outubro foram registrados 15.499 furtos em Copacabana e Leme, um aumento de 5% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Os roubos, por sua vez, caíram de cerca de 10 mil para 7 mil.
Horácio Magalhães, presidente da Associação de Moradores de Copacabana, alerta, porém, para a subnotificação. "Muitas pessoas optam por não registrar. O que também é muito ruim, na medida em que isso dificulta o trabalho principalmente da polícia civil", afirmou. A falta de registros impede a identificação e o combate eficaz às gangues.
A preocupação é agravada por episódios trágicos do passado. Em 2023, uma idosa de 72 anos morreu após ser derrubada por um ladrão que puxou seu cordão em Copacabana. Além do trauma físico, moradores como William Correia destacam os impactos psicológicos: "Inclusive tem senhoras que já foram assaltadas... que ficaram 6 meses sem sair de casa por causa de síndrome de pânico".
Diante da situação, as autoridades informaram que as investigações estão em andamento. A Polícia Civil trabalha em conjunto com a Polícia Militar, que afirmou ter reforçado o patrulhamento no calçadão e nas ruas internas da região, na tentativa de conter a ação da gangue da bike e devolver a sensação de segurança à população.