Ex-secretário de Segurança é suspeito de assassinato de guarda civil
Um crime chocante marcou a véspera de Natal em Arujá, na Grande São Paulo. O ex-secretário adjunto de Segurança do município, Uelton de Souza Almeida, é o principal suspeito de assassinar o guarda civil municipal (GCM) Nelson Caetano de Lima Neto, de 12 tiros. O caso aconteceu no dia 24 de dezembro, dentro da casa da ex-mulher de Uelton, que também é namorada da vítima.
Uelton se entregou à polícia na sexta-feira, 26 de dezembro, e foi preso. Por meio de seu advogado, Eugênio Malavasi, ele afirmou que agiu em legítima defesa. A versão, no entanto, é contestada pela família da vítima e pelas primeiras informações da investigação.
Conflito familiar termina em tragédia
Juliana Simão Gomes, de 39 anos, namorada de Nelson e ex-esposa do suspeito, relatou à polícia os momentos que antecederam a tragédia. Ela e Uelton foram casados por 16 anos e se separaram há mais de cinco. O casal tem quatro filhos: duas meninas gêmeas de 10 anos e um casal de gêmeos autistas, de 9.
Há quatro meses, por um pedido de Uelton que estava sem moradia, o ex-casal passou a dividir a mesma casa, mas em andares diferentes. "Ele chegou com o colchão na cabeça falando: ‘Pelo amor de Deus, deixa eu ficar aqui, eu não tenho para onde ir’", contou Juliana, que aceitou a condição de que a estadia seria provisória.
Juliana e Nelson, que também era GCM em Mogi das Cruzes, namoravam há quase cinco anos. Segundo ela, Uelton nunca aceitou o novo relacionamento.
O fatídico dia 24 de dezembro
Na véspera de Natal, após uma discussão, Uelton saiu de casa. Os filhos choraram e Juliana ligou para Nelson, que decidiu ir até a casa para fazer um churrasco para a família. Quando Nelson chegou, Uelton retornou ao imóvel.
Juliana disse que avisou ao ex-marido, por mensagem, que Nelson estava no local e pediu para ele esperar. Uelton, no entanto, foi até a casa. "Ele desceu com a mão no bolso, andou de um lado pro outro e falou: 'Está certo isso?’", relatou Juliana.
Durante a discussão, Nelson disse que iria embora. Ao entrar para pegar seu celular que estava carregando, Uelton apontou um revólver para ele. "Eu falei: ‘Não, Uelton’. O Nelson se assustou e levou dois tiros. Ele (Uelton) deu mais de dez tiros, na cabeça, nas costas", desabafou Juliana. "Ele foi covarde."
As crianças, que presenciaram a cena, ligaram para o pai depois e perguntaram: "Por que o senhor matou o tio Nelson?".
Repercussão política e investigações
Uelton de Souza Almeida foi exonerado do cargo de secretário adjunto de Segurança de Arujá e suspenso de suas funções como GCM, seu cargo de origem. A Secretaria de Segurança informou que colaborará com as investigações.
Filiado ao União Brasil, Uelton foi eleito vereador em Arujá, sendo o segundo mais votado da história da cidade. Ele está licenciado do mandato desde fevereiro de 2025 para atuar na secretaria. A Câmara Municipal informou que o caso será encaminhado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
O caso foi registrado como homicídio na Delegacia de Arujá. A Guarda Civil Municipal da cidade foi acionada inicialmente pelo próprio Uelton, que alegou invasão de domicílio. Ao chegarem, os guardas encontraram a cena do crime.
Juliana segue devastada. "Ele tirou tudo o que eu tinha, de uma maneira covarde... ele tem que apodrecer na cadeia", declarou. "Eu estava super feliz de poder proporcionar um Natal feliz para os meus filhos."