Um protesto por mais segurança tomou as ruas do bairro do Grajaú, na Zona Norte do Rio de Janeiro, na manhã deste sábado, 20 de abril. A manifestação foi uma resposta direta ao clima de medo e insegurança que assola a região, intensificado por um tiroteio ocorrido poucas horas antes e pelo assassinato de um comerciante idoso na semana anterior.
Tiroteio e crime recente acendem alerta
O ato público aconteceu após um confronto na madrugada de sábado, onde dois criminosos tentaram assaltar um policial militar que estava de folga. O agente reagiu e um dos suspeitos acabou baleado. No entanto, a tensão entre os moradores já vinha crescendo há dias.
Há uma semana, o comerciante Paulo Roberto Pires da Rocha, de 71 anos, foi morto durante uma tentativa de assalto. Ele chegava de carro à sua casa, na Rua Botucatu, acompanhado da esposa, que sobreviveu ao ataque. Segundo a Polícia Civil, quatro criminosos em três motocicletas participaram da ação.
“Não existe mais como caminhar pelo bairro em paz”, desabafou dona Marilda, residente há décadas no Grajaú. Ela relata que grupos de senhoras já saem de casa com medo, refletindo a sensação generalizada de vulnerabilidade.
Manifestação percorre ruas e cobra soluções
O protesto reuniu não apenas moradores do Grajaú, mas também de bairros vizinhos. Os manifestantes saíram da Praça Verdun, seguiram pela Rua Barão de Mesquita e percorreram outras vias do bairro, todos com um único apelo: paz.
Entre os presentes estava Santiago, pai de Gabriela, vítima da violência no bairro ainda em 2003, que foi ao local para apoiar o movimento. Líderes comunitários também se fizeram ouvir. Ilan Wettreich, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Grajaú (Amagraja), defendeu uma mudança no modelo policial: “Policial bom é policial em ronda. O que a gente precisa é uma polícia de inteligência, com uso de câmeras que fazem reconhecimento facial”.
Números confirmam a escalada da violência
A sensação de insegurança dos moradores é respaldada por dados oficiais. Estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam um aumento alarmante da criminalidade no bairro:
- Roubos de rua aumentaram 21% de janeiro a novembro de 2024, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
- Roubos de celular cresceram 37% no mesmo intervalo.
- A única queda registrada foi nos roubos de veículos, que tiveram redução de 54%.
A violência, contudo, não poupa nem mesmo os líderes locais. Lupércio Ramos, presidente da Associação de Moradores do Grajaú (Amgra), teve o carro roubado recentemente em uma ação violenta. “Já fui vítima da violência aqui no bairro. O que acontece é que a polícia está sem efetivo”, afirmou Ramos, ecoando um dos principais reclamos da comunidade por um reforço no policiamento e presença do Estado na região.