Roraima amplia coleta de embalagens de agrotóxicos e evita contaminação
Descarte correto de embalagens de agrotóxicos em Roraima

A destinação correta das embalagens vazias de defensivos agrícolas é uma prática fundamental para proteger o meio ambiente em Roraima. A Agência de Defesa Agropecuária do estado (Aderr) lidera uma força-tarefa para garantir que esses resíduos não contaminem solos e mananciais hídricos, realizando coletas fixas e itinerantes em todo o território roraimense.

O sistema de logística reversa em operação

O trabalho é realizado em parceria com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV) e segue o modelo do Sistema Campo Limpo. Esta iniciativa de logística reversa, onde o produto retorna à indústria após o uso, obedece às normas das leis federais e estaduais sobre resíduos sólidos. O objetivo é duplo: facilitar a vida do produtor rural e, acima de tudo, proteger o ecossistema contra danos irreversíveis.

Carlos Terossi, chefe do Núcleo de Agrotóxicos da Aderr, enfatiza a importância da conscientização. "Basta uma embalagem para contaminar alguém, um poço ou um manancial de água", alertou ele em entrevista ao Jornal da Manhã da CBN Amazônia Boa Vista. A orientação principal é clara: realizar a tríplice lavagem, inutilizar o recipiente e devolvê-lo no local apropriado.

Passo a passo para um descarte seguro

Para que o agricultor devolva o material com segurança, é preciso seguir um protocolo estabelecido:

  1. Tríplice lavagem: Lavar a embalagem três vezes, despejando a água da lavagem dentro do pulverizador para ser reutilizada na aplicação na lavoura.
  2. Inutilização: Perfurar o fundo do recipiente para impedir sua reutilização indevida.
  3. Armazenamento: Guardar o material em um local seguro na propriedade por um período de até um ano.
  4. Devolução: Entregar os recipientes nos postos de recebimento autorizados, indicados na nota fiscal, ou aproveitar os mutirões itinerantes organizados pela Aderr.

Pontos de coleta e o trabalho "de formiguinha" no interior

Em Boa Vista, as embalagens podem ser entregues na Central de Recebimento, localizada na Rua Dico Aração, nº101, no Distrito Industrial. No entanto, a grande inovação para atender a realidade do estado são as coletas itinerantes. Realizadas pela Aderr em conjunto com a Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento e Inovações (SEADI), essas ações levam as equipes até pontos estratégicos nos municípios, facilitando a vida de quem vive em vicinais distantes.

"É um trabalho de formiguinha. Em vez de o produtor sair da vicinal para trazer um pouco de embalagem para a cidade, nós vamos até ele", explica Carlos Terossi. Esta estratégia tem sido crucial para aumentar a adesão ao programa.

Conscientização que vem da base e o crescimento do volume recolhido

Os resultados desse esforço conjunto são mensuráveis. O volume de embalagens recolhidas em Roraima cresceu significativamente nos últimos anos. Antes, o estado recolhia cerca de 13 toneladas anuais. Atualmente, esse montante é coletado diversas vezes ao ano, reflexo direto da expansão da área agrícola e da maior eficiência no recolhimento.

Para consolidar essa cultura de descarte responsável, a Aderr investe na educação das novas gerações através do programa Sanitarista Mirim. O projeto capacita filhos de produtores e alunos de escolas públicas para atuarem como multiplicadores das boas práticas ambientais dentro de suas próprias casas. "As crianças são multiplicadores muito bons. Elas aprendem e apontam quando algo está errado em casa, corrigindo os pais", destaca Terossi.

É importante lembrar que o descarte irregular de embalagens de agrotóxicos é considerado crime ambiental. As infrações podem resultar em multas aplicadas pela própria Aderr e por órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). A gestão adequada de resíduos sólidos na região Norte foi, inclusive, tema central de discussões no projeto Amazônia Que Eu Quero, da Fundação Rede Amazônica, em um evento realizado com especialistas em Boa Vista no mês de maio.