A remoção de uma árvore na orla da Ponta Negra, um dos principais cartões-postais de Manaus, desencadeou uma intensa discussão nas redes sociais nos últimos dias. Imagens do corte circularam amplamente, levantando questionamentos de moradores, ambientalistas e frequentadores da zona oeste da capital amazonense sobre os reais motivos e impactos ambientais da ação.
Reação nas redes sociais e importância da espécie
Nas plataformas digitais, usuários expressaram indignação e cobraram explicações das autoridades. Muitos destacaram a importância da arborização urbana para o equilíbrio ecológico, a melhoria da paisagem e a regulação do clima na cidade. “Cidade atrasada, provinciana, sem planejamento e estrutura”, criticou um internauta. Outro sugeriu: “Plantem em outro lugar”.
Segundo relatos que ganharam força na internet, a árvore suprimida seria uma samaúma, espécie icônica da Amazônia. Essas árvores podem ser centenárias, ultrapassar os 60 metros de altura e têm um papel crucial no ecossistema, servindo de abrigo e alimento para diversas espécies da fauna. A samaúma também é considerada sagrada por alguns povos indígenas e possui usos na medicina tradicional.
Alguns moradores chegaram a afirmar que o exemplar seria o último remanescente de centenas de árvores que existiam na área antes da urbanização da Praia da Ponta Negra, local que hoje recebe um grande fluxo diário de pessoas.
Posicionamento oficial da Secretaria de Meio Ambiente
Questionada pelo g1, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) se manifestou através de nota. A pasta confirmou que autorizou a retirada da árvore, que estava localizada no estacionamento de um estabelecimento comercial no bairro Ponta Negra.
A decisão, segundo a Semmas, foi baseada em uma avaliação técnica e fitossanitária que constatou o óbito fisiológico do vegetal. Durante a vistoria, os técnicos identificaram uma série de problemas graves:
- Desprendimento avançado da casca e exposição do lenho.
- Ausência de tecido cambial ativo.
- Copa totalmente desfolhada.
- Necrose generalizada dos ramos.
A secretaria acrescentou que os galhos estavam apodrecidos, com perda de resistência mecânica e queda espontânea, o que representava um risco iminente à segurança do público. Diante do comprometimento estrutural irreversível e da inviabilidade de recuperação, a supressão foi considerada a medida tecnicamente indicada.
Conclusão: entre a proteção ambiental e a segurança urbana
A Semmas afirmou que a autorização seguiu as normas ambientais vigentes e o plano diretor de arborização urbana, tendo como foco a proteção da população e do patrimônio. A autorização foi emitida especificamente para o corte de uma árvore isolada.
O caso ilustra o delicado equilíbrio entre a preservação do patrimônio natural urbano e a gestão de riscos à segurança pública. Enquanto a justificativa oficial aponta para uma ação necessária diante de um perigo concreto, a reação popular evidencia a forte ligação emocional e ambiental que a comunidade tem com suas árvores, especialmente em uma cidade inserida no bioma amazônico. A polêmica ressalta a necessidade de transparência e diálogo contínuo entre o poder público e a sociedade em questões ambientais urbanas.