Islândia tem Natal com quase 20°C e bate recorde histórico de calor no inverno
Natal de quase 20°C na Islândia bate recorde histórico

Um evento climático extraordinário transformou o Natal de 2025 na Islândia em algo jamais visto. Em pleno inverno do hemisfério norte, o país registrou temperaturas dignas de verão, batendo recordes históricos e acendendo um alerta vermelho sobre a aceleração do aquecimento no Ártico.

Verão no Natal: os números de um fenômeno extremo

Na véspera de Natal, dia 24 de dezembro, os termômetros na pequena cidade de Seyðisfjörður, no leste islandês, atingiram a marca impressionante de 19,8 graus Celsius. A medição foi confirmada pelo Escritório Meteorológico Islandês e representa um valor quase cinco vezes superior à média histórica para o mês, que normalmente varia entre -1°C e 4°C.

O recorde não foi um caso isolado. Em Bakkagerði, na região de Borgarfjörður Oriental, a temperatura alcançou 19,7°C, igualando o antigo recorde nacional de dezembro, que datava de 2019. Meteorologistas explicam o fenômeno pela combinação de um sistema persistente de alta pressão com a canalização de massas de ar quente de origem tropical, que bloquearam a entrada das tradicionais frentes frias do inverno.

Uma tendência alarmante que se consolida em 2025

O Natal excepcionalmente quente é a ponta do iceberg de um padrão preocupante observado ao longo de todo o ano. Em maio de 2025, a Islândia já havia enfrentado ondas de calor sem precedentes, com temperaturas entre 3°C e 4°C acima do normal em grande parte do território.

Dados oficiais revelam que 94% das estações meteorológicas automáticas com mais de 20 anos de operação bateram novos recordes de calor naquele mês. O pico foi registrado no aeroporto de Egilsstaðir, com 26,6°C. Cientistas alertam que o Ártico está aquecendo cerca de quatro vezes mais rápido do que a média global, e os efeitos na Islândia já são tangíveis.

Entre as consequências mais visíveis estão:

  • Retração acelerada das geleiras.
  • Mudanças nos ecossistemas marinhos.
  • Surgimento de mosquitos, insetos até então praticamente inexistentes no país.
  • Chegada de espécies de peixes de águas mais quentes, como a cavala, alterando cadeias alimentares e a pesca local.

Um contexto global de extremos: do Ártico ao Brasil

O fenômeno islandês não está desconectado do resto do mundo. Nos Estados Unidos, uma intensa onda de calor de fim de ano elevou as temperaturas para valores "como de primavera", com máximas entre 15°C e 30°C acima do normal em várias regiões, resultando em diversos "Natais mais quentes já registrados".

No Brasil, o verão também trouxe marcas históricas. São Paulo viveu um fim de ano de calor intenso, com a estação do Mirante de Santana batendo o recorde de temperatura para dezembro por três dias consecutivos: 35,9°C no dia 25, 36,2°C no dia 26 e 37,2°C no dia 28, superando a antiga marca de 35,6°C de 1998. Meteorologistas classificaram a sequência como "bizarra" em comparação com os padrões históricos.

Climatologistas são enfáticos ao afirmar que esses eventos não são isolados, mas sim indicativos consistentes de um planeta em aquecimento. Eles refletem a ruptura de padrões climáticos estáveis, impulsionada principalmente pela queima de combustíveis fósseis e pela crescente concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.

Relatórios recentes da ONU advertem que a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C já foi ultrapassada de forma consistente, elevando o risco de eventos extremos mesmo nas regiões historicamente mais frias do globo. O Natal quente da Islândia é, portanto, muito mais que uma curiosidade meteorológica; é um sinal claro e urgente das mudanças em curso.