A possibilidade de o PP não integrar a base aliada do governador Tarcísio de Freitas em uma eventual campanha à reeleição em 2026 está sendo tratada com descaso por líderes do Republicanos, partido do chefe do Executivo paulista. Apesar dos sinais de descontentamento vindos do PP, a cúpula republicana demonstra tranquilidade e evoca episódios do passado recente para relativizar a crise.
O descontentamento do PP com Tarcísio
Nos bastidores da política paulista, dirigentes do PP têm expressado insatisfação com a forma como Tarcísio de Freitas tem conduzido o relacionamento com a legenda. O mal-estar se concentra em duas frentes principais. A primeira é uma suposta falta de atenção do governador com prefeitos e parlamentares do partido, que se sentiriam negligenciados.
A segunda causa de irritação diz respeito à sucessão para o Senado Federal. Integrantes do PP aguardam um apoio mais incisivo de Tarcísio à pré-candidatura de Guilherme Derrite, ex-secretário de Segurança Pública do estado, ao cargo de senador nas eleições de 2026. A ausência de um posicionamento firme do governador nesse sentido é vista como uma falha na articulação política.
A resposta desdenhosa do Republicanos
Diante das ameaças veladas do PP, a reação da direção do Republicanos foi de menosprezo. Em conversas reservadas, um dos integrantes mais influentes da cúpula partidária lembrou um episódio crucial da eleição anterior para esnobar o risco de rompimento.
“Não podemos esquecer que, mesmo Ciro [Nogueira] sendo Casa Civil de [Jair] Bolsonaro, o PP apoiou Rodrigo Garcia em 2022”, destacou a fonte ao Radar, em referência ao então ministro da Casa Civil, filiado ao PP, que estava no governo federal, enquanto a sigla em São Paulo dava suporte ao candidato do PSDB, adversário de Tarcísio naquela disputa.
O argumento usado pelo Republicanos sugere que a lealdade partidária nem sempre se sobrepõe às conveniências locais, e que o apoio do PP a Tarcísio em 2022 não foi um ato de alinhamento automático, mas sim uma decisão circunstancial.
O cenário político para 2026
A sinalização de turbulência ocorre em um momento de preparação para as eleições de 2026, quando Tarcísio de Freitas deve buscar um novo mandato à frente do Palácio dos Bandeirantes. A composição de uma base aliada coesa é considerada fundamental para uma campanha bem-sucedida, especialmente em um estado complexo como São Paulo.
Embora minimize publicamente a crise, o Republicanos certamente monitora a situação. A manutenção do PP na coalizão é strategicamente importante, mas a postura adotada pela cúpula tucana indica que não há pânico diante da possibilidade de o partido deixar a chapa. A avaliação interna é de que o interesse político falará mais alto na hora da decisão, assim como ocorreu no pleito de 2022.
O desfecho dessa disputa nos bastidores começará a se delinear conforme Tarcísio definir seus movimentos e oficializar sua candidatura, e o PP precisará calcular se é mais vantajoso permanecer ao lado do governador ou buscar outros arranjos no tabuleiro político paulista.