Vaias marcam homenagem às vítimas do massacre em Sydney
O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, foi recebido com vaias por parte da multidão durante uma cerimônia em homenagem às vítimas do ataque a tiros na praia de Bondi, em Sydney. O evento ocorreu neste domingo, 21 de dezembro de 2025, exatamente uma semana após o massacre que deixou 15 mortos e pelo menos 25 feridos.
O ataque aconteceu durante a celebração judaica do primeiro dia de Hanukkah. Albanese, líder de um governo de centro-esquerda, vestia um quipá, o tradicional chapéu judaico, quando chegou ao local e sentou-se na primeira fila. As vaias se repetiram quando seu nome foi mencionado em um dos discursos durante a cerimônia.
Críticas e resposta do governo ao antissemitismo
O premiê australiano enfrenta acusações de críticos que alegam que seu governo não tem tomado medidas efetivas para combater o antissemitismo no país. Esse sentimento teria se intensificado desde o início do conflito em Gaza.
Em resposta, Albanese anunciou uma revisão das agências de inteligência e segurança após o atentado. O governo afirma ter condenado repetidamente atos antissemitas e aprovado leis para criminalizar discurso de ódio. Uma das ações foi a determinação da expulsão do embaixador do Irã, acusado de envolvimento com ataques contra alvos judaicos.
Na última quinta-feira, 18 de dezembro, o premiê se comprometeu a conduzir uma ofensiva contra o discurso de ódio, com foco em erradicar "o mal do antissemitismo". As medidas incluem:
- Novas competências para perseguir pregadores extremistas.
- A negação ou cancelamento de vistos para quem propaga "o ódio e a divisão".
Cerimônia emocionante e minuto de silêncio nacional
O tributo às vítimas se estendeu por todo o domingo. Às 18h47 (horário local), exatamente o momento em que os disparos começaram, a Austrália observou um minuto de silêncio. Bandeiras foram hasteadas a meio mastro em prédios públicos e a programação de rádio e televisão foi interrompida.
As autoridades pediram que os australianos acendessem velas em casa na noite de domingo, que marcava o último dia do festival judaico das luzes. Sobreviventes, autoridades e familiares das vítimas discursaram durante a cerimônia.
Em uma das falas mais aplaudidas, a sobrevivente Chaya Dadon, de 14 anos, disse que o país está "se fortalecendo como nação". O pai de Ahmed al Ahmed, civil que desarmou um dos atiradores em um ato heroico e ficou ferido, também esteve presente.
Autores do ataque e investigações
Naveed Arkam, apontado pela polícia como autor do atentado, foi acusado de 59 crimes, incluindo 15 homicídios e um ato terrorista. Baleado no local, ele foi indiciado ao acordar de um coma na quarta-feira, 17 de dezembro.
Seu pai, Sajid, de 50 anos, foi morto pela polícia no local do ataque. A dupla atirou contra centenas de pessoas que participavam da celebração judaica, mantendo os disparos por cerca de 10 minutos.
A polícia também encontrou um veículo, registrado em nome do jovem de 24 anos, contendo artefatos explosivos e duas bandeiras caseiras associadas ao Estado Islâmico. O caso continua sob investigação, enquanto o país tenta se recuperar da tragédia.