Justiça prorroga afastamento de prefeito de Ribeira por mais 3 meses
Afastamento de prefeito de Ribeira é prorrogado

A Justiça da comarca de Apiaí decidiu prorrogar por mais três meses o afastamento do prefeito de Ribeira, no interior de São Paulo, Ari do Carmo (PSD). A medida, publicada na última quinta-feira (18), mantém o chefe do Executivo municipal longe do cargo enquanto as investigações sobre supostas irregularidades seguem em curso.

Investigações e suspeitas que motivaram a decisão

O magistrado Victor Caetano Lima, responsável pela decisão, considerou que a fase de apuração dos fatos ainda está em andamento. Ele destacou que existe um risco real de interferência na produção de provas caso o prefeito retorne às suas funções neste momento. O juiz também ponderou que, por se tratar de um município de pequeno porte, a influência de Ari sobre servidores e documentos seria amplificada se ele estivesse no exercício do mandato.

Ari do Carmo enfrenta acusações graves. A principal delas é a de ter utilizado R$ 100 mil dos cofres públicos sem licitação para a compra de medicamentos. Além disso, ele responde a um processo de improbidade administrativa no qual é suspeito de fraudar um concurso público, manter uma servidora fantasma na folha de pagamento e realizar contratações irregulares.

Histórico de descumprimento e primeiro afastamento

Esta não é a primeira vez que o prefeito é afastado. Em setembro deste ano, ele já havia sido removido do cargo por um período de três meses, com proibição de acessar a prefeitura. Na ocasião, o juiz Yuri Rodrigues Barberino, do Foro de Apiaí, apontou indícios de dolo, fraude e risco de continuidade das irregularidades.

Essa decisão de setembro veio após Ari do Carmo descumprir medidas cautelares anteriores. Em agosto, a Justiça havia negado um pedido inicial de afastamento, optando por impor obrigações à administração. No entanto, o prefeito autorizou o empenho dos R$ 100 mil para pagar uma empresa de medicamentos, contrariando as determinações judiciais que visavam coibir gastos sem licitação.

A defesa do prefeito alegou que não houve descumprimento, pois os valores se referiam a produtos já entregues. O juiz Barberino, no entanto, rejeitou o argumento, classificando-o como "raso" e afirmando que o gestor adotou uma "conduta de cegueira deliberada" para ignorar as leis.

Vice-prefeita também está afastada

A situação administrativa em Ribeira é ainda mais complicada porque a vice-prefeita, Juliana Maria Teixeira da Costa, também se encontra afastada do cargo. Ela é acusada de desviar R$ 41,2 mil dos cofres públicos.

As investigações apontam que a vice, que também comandava a Secretaria de Saúde, estava envolvida em contratações irregulares. Uma das denúncias mais graves é a de uma 'servidora fantasma', filha de um funcionário, que teria recebido R$ 27,5 mil por serviços que nunca foram realizados.

O Ministério Público ainda identificou pagamentos informais que somam R$ 7,5 milhões entre janeiro e julho de 2025, reforçando o quadro de suposta gestão irregular.

Com a prorrogação do afastamento por mais 90 dias, a Justiça demonstra que enxerga fundamento sério nas acusações e prioriza a preservação da investigação. A defesa de Ari do Carmo sustentou que não havia novas provas para justificar a extensão da medida, mas o argumento não foi aceito pelo magistrado. O caso segue sob análise, e o futuro político do prefeito permanece indefinido.