A Rússia deu um passo que altera significativamente o cenário de segurança na Europa Oriental. Nesta terça-feira, 30 de dezembro de 2025, o governo russo anunciou o início das operações de combate de seus mísseis nucleares Oreshnik em território bielorrusso. A medida amplia drasticamente a presença militar russa na região e representa uma pressão direta sobre os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Detalhes do deslocamento estratégico
Os sistemas de mísseis Oreshnik, de alcance intermediário, possuem capacidade de atingir grande parte do continente europeu. Especialistas apontam que, se armazenados em bases na Bielorrússia, podem até alcançar regiões da costa oeste dos Estados Unidos. Imagens divulgadas pelos ministérios da Defesa da Rússia e de Belarus mostram unidades móveis sendo camufladas e posicionadas em áreas florestais do país aliado.
O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, confirmou que até 10 sistemas de mísseis serão instalados em seu país. Esta ação consolida Minsk como um ponto estratégico fundamental para a presença militar russa. Analistas de defesa internacional avaliam que a escolha da Bielorrússia permite à Rússia reduzir o tempo de reação das defesas europeias, fortalecendo sua capacidade de dissuasão nuclear de forma considerável.
Aliança Moscou-Minsk e o contexto da guerra
A cooperação militar entre Rússia e Belarus se intensificou desde o início da invasão em larga escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Lukashenko, que governa o país com mão de ferro há mais de três décadas, tem fornecido suporte logístico, equipamentos e território para as operações russas. No entanto, é importante notar que ele não enviou tropas regulares bielorrussas para a linha de frente na Ucrânia.
O deslocamento dos mísseis ocorre em um momento de alta tensão diplomática. Enquanto isso, a Ucrânia reforça a evacuação de vilarejos ao longo de sua fronteira norte, e líderes europeus buscam equilibrar esforços de negociação de paz com medidas concretas de dissuasão militar.
Impacto na segurança europeia e riscos de escalada
Os mísseis Oreshnik representam um desafio tecnológico formidável. Capazes de atingir velocidades superiores a Mach 10, eles testam os limites das defesas antiaéreas da Otan. Pesquisadores que analisam imagens de satélite identificaram indícios de que os lançadores móveis podem estar baseados em uma antiga instalação aérea na cidade de Krichev, localizada a aproximadamente 300 quilômetros da capital, Minsk.
A presença desses sistemas nucleares táticos em Belarus eleva substancialmente o risco de uma escalada nuclear. Este perigo é particularmente agudo em caso de um conflito direto ou de interpretações equivocadas de manobras militares de rotina. Tanto a União Europeia quanto a Otan já reforçaram a vigilância na fronteira oriental e alertaram que qualquer movimentação estratégica russa próxima a países membros será interpretada como uma ameaça direta à segurança coletiva.
Especialistas ressaltam que a movimentação dos Oreshnik é parte de uma série de medidas russas para redefinir sua doutrina nuclear. Moscou passou a permitir o uso preventivo de armas nucleares em resposta a ataques convencionais que sejam percebidos como ameaças existenciais ao Estado. Testes recentes com armas hipersônicas e mísseis de cruzeiro nucleares já sinalizavam um endurecimento na postura estratégica do Kremlin.
Enquanto as negociações de paz com a Ucrânia avançam a passos lentos, a instalação de sistemas nucleares fora do território russo cria um novo patamar de tensão geopolítica. Esta manobra é capaz de redefinir a lógica de dissuasão que prevaleceu na Europa nas últimas décadas e deve provocar respostas militares e diplomáticas coordenadas por parte da Otan nos próximos dias e semanas.