Os governos da Ucrânia e dos Estados Unidos chegaram a um acordo sobre uma proposta de paz que deve ser apresentada à Rússia ainda nesta quarta-feira, 24 de dezembro, véspera de Natal. O plano, que tem como objetivo encerrar quase quatro anos de conflito, é composto por 20 pontos e inclui garantias de segurança para Kyiv.
Os principais pontos do plano de paz
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, revelou detalhes do documento em declarações feitas na terça-feira (23), mas divulgadas apenas nesta quarta. Segundo ele, a versão mais recente do plano norte-americano prevê o congelamento das linhas de frente no momento da assinatura do acordo.
"A linha de posicionamento das tropas à data deste acordo é a linha de contato reconhecida de fato", afirmou Zelensky. Essa situação abriria caminho para discussões sobre a criação de possíveis zonas desmilitarizadas. Um grupo de trabalho seria formado para definir o reposicionamento das forças e os parâmetros de futuras zonas econômicas especiais.
No entanto, questões territoriais sensíveis permanecem em aberto. O plano ainda não estabeleceu um acordo sobre o controle da região do Donbass e da central nuclear de Zaporijia. Moscou exige que Kyiv ceda a porção da região leste de Donetsk que ainda está sob controle ucraniano.
Adesão à OTAN e controle da usina nuclear
Um dos avanços destacados por Zelensky é que a nova versão do plano não exige que a Ucrânia renuncie formalmente à adesão à OTAN, uma das grandes exigências russas. "Cabe à OTAN decidir se quer ou não acolher a Ucrânia como membro. E a nossa escolha já foi feita", declarou o líder. Ele reforçou que o país não alterará sua Constituição para incluir uma cláusula de não adesão à Aliança, ao contrário de uma versão anterior do plano que pedia esse compromisso legal.
Em relação à usina nuclear de Zaporijia, ocupada pela Rússia desde 2022, a proposta sugere que ela seja operada em conjunto por Moscou, Kyiv e Washington. Zelensky, porém, rejeitou essa possibilidade, considerando-a "muito inadequada e não totalmente realista".
Próximos passos e condição russa
O presidente ucraniano afirmou que o documento estipula a realização de eleições presidenciais após a assinatura de um acordo de paz. Ele ressaltou, no entanto, que qualquer tratado que preveja a retirada de tropas ucranianas teria de ser aprovado por um referendo popular, o que exigiria um cessar-fogo de 60 dias.
Zelensky disse esperar uma resposta da Rússia ainda nesta quarta-feira sobre a nova versão do plano. "Teremos uma reação dos russos depois de os americanos falarem com eles", declarou. As negociações sobre esse plano, apresentado há quase um mês, têm ocorrido em conversas separadas dos EUA com ucranianos e russos, como as realizadas no fim de semana passado na Flórida.
Apesar do avanço nas discussões com Washington, a concordância de Moscou não está garantida. As autoridades russas não têm mostrado vontade de abandonar seus objetivos no conflito. Zelensky se disse pronto para se reunir com a liderança dos Estados Unidos para tratar de questões sensíveis, após ter solicitado anteriormente um encontro trilateral com o presidente russo, Vladimir Putin.