Falta de água atinge Osasco e SP em meio a calor histórico de 35,9°C
Falta de água atinge Osasco e SP durante calor intenso

Um cenário de desabastecimento atinge moradores de Osasco e de diversas regiões da capital paulista durante uma onda de calor histórico. Com temperaturas que alcançaram 35,9 ºC na quinta-feira, 25 de janeiro, a falta de água se tornou uma realidade crítica para muitos bairros.

Bairros afetados e reclamações sem resposta

Em Quintaúna, Osasco, os moradores relatam que estão há dias sem água nas torneiras. O problema começou na terça-feira, 23 de janeiro, e se estendeu, prejudicando atividades básicas como lavar louça, tomar banho e até o funcionamento de comércios locais.

Jaird de Nardi, proprietário de uma pizzaria, revela o impacto direto no sustento: "Estou já quatro dias sem trabalhar. Como a gente vai ganhar o pão sem a água?". A frustração aumenta com a falta de retorno da Sabesp aos protocolos de reclamação abertos pela população.

A situação não se limita a Osasco. Bairros nas Zonas Sul, Norte, Oeste, Leste e na região central de São Paulo também acumulam queixas. Na Chácara Santana, o desabastecimento já dura sete dias, obrigando os moradores a comprarem água engarrafada para consumo e preparo de alimentos.

Aumento recorde no consumo e plano de contingência

A Sabesp atribui parte do problema ao calor acima da média, que fez o consumo de água na Região Metropolitana de São Paulo subir aproximadamente 60%. Entre os dias 14 e 20 de janeiro, a produção média foi de 66 mil litros por segundo. No entanto, na véspera do Natal, esse volume atingiu a marca de 72 mil litros por segundo, mesmo com menos pessoas nas cidades devido às festas de fim de ano.

A empresa faz um apelo para que a população utilize a água de forma consciente e evite desperdícios. Sobre os casos específicos mencionados, a Sabesp ainda não forneceu explicações oficiais para a interrupção no fornecimento nem para a falta de resposta aos consumidores.

Diante do risco de uma nova crise hídrica, o governo de São Paulo anunciou, em agosto, um plano de contingência. As medidas preveem redução de pressão nas tubulações por até 16 horas, exploração do volume morto dos reservatórios e, em um cenário extremo, a adoção de rodízio no fornecimento.

Investimentos e metas após a desestatização

Desde o processo de desestatização, concluído em 2024, a Sabesp informa ter investido R$ 1 bilhão em ações como:

  • Troca de tubulações antigas.
  • Inovação tecnológica para pesquisa e reparo de vazamentos.
  • Combate a fraudes e ligações irregulares (os famosos "gatos").
  • Regularização de áreas informais.

Os investimentos programados devem totalizar R$ 9,7 bilhões até 2029, representando um aumento de 60% em relação ao período anterior à privatização. O objetivo principal é reduzir o índice de perdas totais, que atualmente é de 29,40% - abaixo da média nacional de 40,31%.

A empresa detalha que as perdas por vazamentos correspondem a 19% do total, enquanto os outros 10% estão especialmente relacionados a fraudes e consumos irregulares. A situação atual coloca à prova a eficácia desses investimentos diante da demanda extrema provocada pelo calor e da insatisfação da população que segue sem um abastecimento estável.