Uma criatura que parece ter saído de um conto mitológico foi descoberta em uma chácara de Cacoal, no estado de Rondônia. Popularmente chamada de "cobra-cega" ou "cobra-de-duas-cabeças", o animal foi identificado pelo biólogo Danilo Degra. Apesar do nome e da aparência, trata-se de um réptil inofensivo e pouco conhecido, que passa a maior parte da vida escondido sob a terra.
O que é a anfisbena, o réptil subterrâneo?
A anfisbena não é uma cobra, embora a semelhança seja grande. Ela pertence a um grupo de répteis e está mais próxima evolutivamente dos lagartos, embora não possua patas, como explicou o biólogo Danilo Degra. O animal é comum em biomas como a Amazônia e o Cerrado, mas raramente é avistado porque tem hábitos fossoriais, ou seja, vive enterrado.
Outro ponto que causa confusão é o apelido de "cobra-de-duas-cabeças". Na realidade, a anfisbena possui apenas uma cabeça. A cauda arredondada e muito similar à cabeça cria essa ilusão, funcionando como uma estratégia de defesa para enganar predadores. Além disso, sua musculatura diferenciada permite que ela se mova com igual facilidade para frente e para trás, reforçando a impressão bizarra.
Características e importância ecológica
Em média, a anfisbena mede entre 20 e 40 centímetros, mas existem espécies que podem atingir de 50 a 60 cm de comprimento. Sua pele é lisa e resistente, uma adaptação perfeita para a vida no subsolo. A espécie não é venenosa e não representa perigo grave para humanos. Mordidas são raras e só acontecem se o animal for manipulado. Em caso de acidente, a recomendação é simples:
- Lavar o local com água e sabão;
- Fazer a antissepsia;
- Observar a região – normalmente não há complicações;
- Procurar atendimento médico apenas se surgirem sinais de infecção.
Segundo Danilo Degra, a anfisbena tem um papel fundamental no equilíbrio do solo. Ela ajuda no controle de populações de insetos e na aeração da terra, tornando-se uma aliada importante do ecossistema. Por isso, o biólogo faz um alerta: se encontrar o animal, não o mate.
O que fazer ao encontrar uma anfisbena?
O especialista é claro: "Ela não deve ser morta, e o ideal é deixá-la seguir seu caminho ou realocá-la com cuidado para uma área de solo natural". A presença desse réptil em quintais ou áreas rurais é um sinal de um ambiente em equilíbrio. A melhor atitude é observar a distância e permitir que ele continue seu trabalho silencioso e benéfico sob a terra.
A descoberta em Cacoal serve como um lembrete da incrível biodiversidade brasileira, que ainda guarda espécies misteriosas e fascinantes, vivendo literalmente sob nossos pés.