Um adolescente de 14 anos foi agredido com um tapa no rosto por um policial militar durante uma abordagem em Hortolândia, no interior de São Paulo. O incidente, que aconteceu na tarde de quarta-feira (24), véspera de Natal, deixou o jovem profundamente abalado e gerou revolta na família, que registrou um boletim de ocorrência por agressão.
Confusão no quintal da avó
Segundo relatos dos familiares, o adolescente estava no quintal da casa da avó, no bairro Vila Real, brincando com uma arma de gel e com o portão fechado. No mesmo momento, uma guarnição da Polícia Militar passava pela região à procura de um suspeito de roubo de motocicleta.
A prima do jovem, que pediu para não ser identificada, contou que um homem dentro de um carro apontou para o adolescente, indicando aos policiais que ele seria o autor do crime. A família, no entanto, afirma que a descrição das roupas do verdadeiro suspeito não batia com as que o garoto vestia.
Agressão foi registrada em vídeo
As imagens gravadas durante a ação mostram parte da abordagem. É possível ver o policial segurando com força a camiseta do adolescente, puxando-o para fora da residência, e fazendo perguntas sobre o paradeiro da motocicleta roubada. Em seguida, o agente aplica um tapa no rosto do garoto, que permanece com as mãos levantadas durante toda a ação e não reage. Não há registro de outras agressões físicas além do tapa.
"A gente educa os filhos da gente para entenderem que a polícia está ali para defender e não para apontar... que eles vão ser os primeiros a agredir um filho nosso por motivo algum. Uma criança inocente", lamentou uma familiar.
Trauma familiar e busca por justiça
O episódio marcou profundamente a família. A prima revelou que o adolescente ficou tão chocado que sequer conseguiu falar sobre o assunto. "Ele não quer conversar, não quer falar no assunto. No dia ele chorou muito, não quis ficar aqui por ser véspera de Natal", disse. A mãe do jovem, segundo ela, jogou fora a blusa que ele usava no momento da abordagem.
A situação só foi resolvida após a chegada de um tio do adolescente, que é policial penal e se identificou para os agentes. Após ser liberado, o garoto começou a chorar. A família também relatou que o homem que havia apontado o adolescente como suspeito teria, posteriormente, pedido desculpas ao primo, reconhecendo o equívoco.
"Mas desculpa não vai reparar o que ele fez. O psicológico e o físico que ele fez com meu primo. [...] A gente espera a justiça tanto do policial quanto do rapaz que apontou", completou a familiar.
O que diz a Secretaria de Segurança Pública
Em nota, a Polícia Militar informou que "desvios de conduta não são tolerados". A corporação afirmou que as imagens do caso estão sendo analisadas e que o fato está sendo apurado para identificar as devidas responsabilidades. A Corregedoria da PM também se colocou à disposição da comunidade para receber denúncias.