A cidade de São Paulo foi palco de mais um caso brutal de violência contra a mulher. Tainara Souza Santos, de 31 anos, faleceu na quarta-feira (24), após passar quase um mês internada devido aos graves ferimentos sofridos em um atropelamento intencional. O crime, classificado como feminicídio, ocorreu no dia 29 de novembro e chocou a comunidade do Parque Novo Mundo, na Zona Norte da capital.
Uma vida marcada pela alegria e pela dança
Quem conhecia Tainara a descreve como uma pessoa extremamente querida, alegre e doce. Amante da dança e do canto, ela era uma presença vibrante entre amigos e familiares. Mãe de duas crianças, um menino de 12 anos e uma menina de 7, ela trabalhava de forma autônoma e era conhecida na comunidade como uma batalhadora.
"Ela era muito querida, uma pessoa feliz, não via ela triste. Amava dançar e cantar, essa era a vibe dela. Eu estou acabada", relatou Edna Marinho, amiga da vítima, em entrevista à TV Globo, enquanto Tainara ainda lutava pela vida no hospital. O advogado da família, Wilson Zaska, reforçou a imagem de uma mulher amada e respeitada, cujo caso comoveu a todos ao seu redor.
Os detalhes do crime brutal
A tragédia começou a se desenhar na madrugada do dia 29 de novembro. Tainara havia passado a noite em um forró no Bar do Tubarão, localizado na Rua Tenente Amaro Felicíssimo, acompanhada por uma amiga e um rapaz. Por volta das 6h da manhã, ao deixar um bar no Parque Novo Mundo, ela se deparou com Douglas Alves da Silva, de 26 anos, com quem havia tido um relacionamento casual.
Movido por ciúmes, Douglas já havia iniciado uma discussão e agredido o acompanhante de Tainara dentro do forró. Após a saída do grupo, ele a esperava do lado de fora. Foi então que a situação tomou um rumo definitivo. "Ele chegou no forró e deu um soco no cara por ciúmes. Ela saiu, e o Douglas já estava esperando lá fora. Aí faz essa tragédia", contou a amiga Letícia Conceição.
Douglas entrou em um Volkswagen Golf preto e avançou deliberadamente contra Tainara. A vítima caiu e ficou presa sob o veículo. Em um ato de extrema crueldade, ele arrastou o carro com Tainara presa por mais de um quilômetro, desde a Avenida Morvan Dias de Figueiredo até a Rua Manguari, nas proximidades da Marginal Tietê.
Imagens de câmeras de segurança obtidas pela polícia e pela TV Globo registram o momento horrível do arrastamento. Testemunhas tentaram, em vão, interromper a fuga do motorista, que seguiu em alta velocidade, ignorando completamente a vida da mulher presa sob seu carro.
Consequências e busca por justiça
Os ferimentos foram gravíssimos. Tainara teve que passar por amputações nas duas pernas em decorrência do atropelamento e do arrastamento. Apesar dos esforços médicos, ela não resistiu e veio a óbito quase um mês após o crime, em 24 de janeiro.
Douglas Alves da Silva foi preso no dia seguinte ao crime, 30 de novembro, e permanece custodiado na penitenciária. A mãe de Tainara esclareceu que sua filha não mantinha um relacionamento sério com o agressor, tratando-se de um ex-ficante. O caso é investigado e tratado como feminicídio, um crime de ódio baseado no gênero.
A tragédia deixa duas crianças órfãs de mãe e uma família e uma comunidade inteira em luto. O caso expõe, mais uma vez, a violência extrema que muitas mulheres enfrentam, frequentemente nas mãos de homens com quem se relacionaram, e reforça a urgência de combater a cultura do feminicídio no Brasil.