Golpe do falso advogado usa dados do PJe e OAB para fraudar clientes
Golpe do falso advogado: como se proteger da fraude

O crescimento do ambiente digital trouxe facilidades, mas também criou um terreno fértil para crimes sofisticados. Um deles, conhecido como golpe do falso advogado, está se espalhando pelo Brasil e enganando tanto clientes quanto profissionais do Direito.

Como funciona a fraude

Os criminosos por trás desse esquema utilizam informações públicas, facilmente acessíveis em sistemas oficiais. Eles coletam dados do Processo Judicial Eletrônico (PJe), do Cadastro Nacional da Advocacia e até de redes sociais e ferramentas de busca na internet.

Com essas informações em mãos, os golpistas montam perfis falsos e assumem a identidade de advogados reais. O contato com a vítima é feito de maneira convincente, pois inclui números autênticos de processos e detalhes verdadeiros sobre o andamento das ações judiciais.

A armadilha do pagamento urgente

O golpe se concretiza quando os fraudadores criam um senso de urgência. Eles alegam a necessidade imediata de pagamento de custas processuais ou taxas para evitar supostos prejuízos no processo. Os valores são solicitados preferencialmente via Pix ou boletos bancários.

O dinheiro, no entanto, é direcionado para contas de terceiros, que não possuem qualquer ligação com o processo real ou com o escritório de advocacia legítimo. A vítima só percebe o engano quando o valor já foi transferido e o contato desaparece.

Medidas de proteção e como agir

Especialistas em segurança digital e jurídica apontam uma medida simples, porém eficaz, para evitar cair na armadilha: exigir uma videochamada com o profissional. Golpistas costumam evitar qualquer tipo de interação visual que possa revelar sua identidade real.

Caso desconfie de uma tentativa de fraude, a orientação é agir rapidamente. Confirme todas as informações diretamente com o seu advogado de confiança, usando um canal de comunicação já estabelecido. Além disso, é fundamental:

  • Registrar um boletim de ocorrência na polícia.
  • Contestar a transação junto à instituição bancária.
  • Comunicar o ocorrido à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
  • Informar o tribunal responsável pelo processo judicial envolvido.

Respostas institucionais ao golpe

Diante do aumento desses casos, instituições começaram a reagir. O Banco Central anunciou a criação do botão de contestação do Pix, uma ferramenta que permitirá acionar diretamente o Mecanismo Especial de Devolução (MED) em situações de fraude. A novidade está prevista para entrar em vigor a partir de 1º de outubro.

Por sua vez, a advocacia também está se mobilizando. Em outubro, a OAB aprovou a formação de um grupo de trabalho nacional com o objetivo específico de combater falsos escritórios de advocacia e fortalecer a segurança digital da categoria.

A combinação de atenção redobrada por parte dos cidadãos e o reforço nas ferramentas de proteção institucionais parece ser o caminho mais eficaz para frear a ação desses criminosos que se aproveitam da digitalização para aplicar golpes.