O ano de 2025 representou uma virada radical na percepção pública e no desempenho digital do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo um levantamento exclusivo da consultoria Ativaweb, a imagem do petista, que começou o ano pressionada por alta rejeição e desconexão com a sociedade, foi completamente reabilitada nos últimos meses, em um movimento impulsionado por uma crise internacional cavada por Eduardo Bolsonaro.
Do atoleiro à virada de chave
O primeiro semestre de 2025 foi turbulento para o governo Lula. Pressionado por erros na economia, como a polêmica envolvendo o Pix, a discussão sobre aumento de impostos e a crise do IOF, o presidente via sua popularidade despencar nas pesquisas e sua presença nas redes sociais minguar, com perda significativa de seguidores. A batalha no ambiente digital era dominada pela oposição, liderada por Jair Bolsonaro, que focava seu discurso contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e a esquerda.
A situação era tão crítica que o próprio Lula sinalizava publicamente que poderia não disputar a reeleição, caso não tivesse um programa sólido ou condições de saúde. Analistas dentro do governo interpretavam a declaração como uma possível "saída honrosa" de um mandato em crise.
O gatilho da crise internacional
A virada de chave, conforme detalha o estudo, ocorreu a partir de julho de 2025. O cenário mudou quando os filhos de Jair Bolsonaro, ao desrespeitarem medidas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, precipitaram a prisão antecipada do ex-presidente. Com Bolsonaro fora de cena, seu filho, Eduardo Bolsonaro, assumiu a linha de frente da oposição a partir dos Estados Unidos.
Foi Eduardo quem cavou uma crise histórica nas relações entre Brasil e Estados Unidos. O governo de Donald Trump anunciou sanções contra ministros do STF e impôs um pacote de tarifas comerciais que puniu todo o setor produtivo brasileiro. Esse cenário de pressão internacional deu a Lula, então "sem rumo e sem discurso", a grande oportunidade para se reposicionar.
Líder da soberania nacional
O presidente abraçou a causa e passou a liderar uma campanha nacional em defesa da soberania brasileira. Seu discurso focou em reverter as tarifas impostas pelos EUA e em defender a democracia brasileira de interferências internacionais sem fundamento. Esse reposicionamento, centrado em três eixos – soberania nacional, protagonismo internacional e reposicionamento do Brasil no mundo – ressoou profundamente com o público.
De acordo com Alek Maracajá, da Ativaweb, "Crises externas e tentativas de pressão internacional não enfraqueceram a imagem de Lula. Pelo contrário, funcionaram como gatilho emocional positivo, reforçando a ideia de um presidente que defende o Brasil no cenário global".
Os números da recuperação digital
O estudo quantificou a impressionante recuperação de Lula nas principais plataformas de redes sociais no segundo semestre de 2025, após a virada de narrativa:
- Instagram: +800.000 seguidores
- TikTok: +800.000 seguidores
- X (antigo Twitter): +500.000 seguidores
- Facebook: +200.000 seguidores
- YouTube: +100.000 inscritos
Além do crescimento bruto, a análise aponta um aumento de menções positivas, uma ampliação do alcance para fora das bolhas ideológicas tradicionais e um crescimento consistente em todas as plataformas. Um momento simbólico destacado foi o encontro de Lula com Donald Trump na ONU. A frase "teve química", que viralizou, ajudou a humanizar a diplomacia e a desmontar narrativas de isolamento do Brasil.
Conclusão do estudo e desafios futuros
Ao final de 2025, a Ativaweb consolidou a nova imagem digital de Lula com os seguintes atributos: sentimento majoritariamente positivo ou neutro, crescimento líquido de seguidores, liderança clara no campo progressista, reconhecimento internacional reforçado e narrativa de soberania consolidada. "2025 não foi o ano da crise do governo Lula. Foi o ano da reconstrução da sua imagem digital", conclui Maracajá.
No entanto, o caminho à frente não é totalmente confortável. O estudo alerta que o ano de 2026 será marcado por uma sequência de investigações e possíveis descobertas de escândalos envolvendo figuras próximas ao presidente. O tema da corrupção voltou a preocupar os eleitores, indicando que o jogo político segue imprevisível, apesar da significativa recuperação de imagem conquistada no último ano.