O primeiro lançamento comercial de um foguete a partir do território brasileiro terminou em uma explosão nesta segunda-feira (22). O veículo sul-coreano HANBIT-Nano, que decolou do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, apresentou uma anomalia logo após a decolagem, colidiu com o solo e foi destruído.
O que aconteceu no lançamento do foguete em Alcântara
O lançamento histórico, batizado de Operação Spaceward, ocorreu às 22h13. A transmissão ao vivo acompanhou a trajetória do foguete por pouco mais de um minuto. Durante esse breve período, o HANBIT-Nano atingiu a velocidade Mach 1, superando a barreira do som, e chegou ao ponto conhecido como MAX Q, de máxima pressão aerodinâmica.
Em seguida, a transmissão foi interrompida pela empresa responsável, a sul-coreana Innospace, após a exibição de uma mensagem que dizia: "We experienced an anomaly during the flight" (Experienciamos uma anomalia durante o voo). A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou que o foguete colidiu com o solo após a falha.
Satélites e experimentos científicos perdidos na explosão
A carga útil perdida no acidente era valiosa para a ciência e tecnologia nacionais e internacionais. O foguete transportava oito cargas úteis: cinco satélites e três experimentos científicos desenvolvidos por instituições do Brasil e da Índia.
Os principais dispositivos a bordo eram:
- Satélite Jussara-K: Desenvolvido pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) para coletar dados ambientais em regiões remotas.
- FloripaSat-2A e FloripaSat-2B: Construídos pela UFSC para testes de comunicação em órbita.
- PION-BR2 – Cientistas de Alcântara: Projeto educacional da UFMA e AEB que levava mensagens de alunos da rede pública.
- SNI-GNSS: Satélite da Agência Espacial Brasileira (AEB) para navegação precisa de drones e veículos.
- Solaras-S2: Satélite indiano da Grahaa Space para monitorar fenômenos solares.
- Sistema de Navegação Inercial (INS): Experimento da empresa brasileira CLC para validar algoritmos de navegação.
A missão tinha objetivos claros: colocar em órbita equipamentos para coleta de dados ambientais, testes de comunicação, monitoramento solar e validação de tecnologias de navegação.
Investigação e próximos passos após o acidente
Técnicos da empresa Innospace, da Força Aérea Brasileira e das instituições parceiras já iniciaram uma análise detalhada dos dados do voo para entender as causas exatas da anomalia técnica.
A Innospace informou que novas informações sobre o impacto do acidente nas cargas úteis serão divulgadas somente após a conclusão das análises. O voo não era tripulado e, portanto, não houve vítimas humanas.
O incidente representa um revés para o programa espacial comercial brasileiro, mas também serve como um importante teste para os protocolos de segurança e investigação de falhas no Centro de Lançamento de Alcântara, um dos portos espaciais mais estratégicos do mundo devido à sua localização próxima à Linha do Equador.