Família do Rio adota três irmãs e forma lar com quatro Marias e um cão de três patas
Família adota três irmãs e forma lar com quatro Marias

No Rio de Janeiro, a casa da influenciadora Renata Darzi da Fonseca, de 38 anos, e do advogado Pedro Souza Bruno é um verdadeiro exemplo de amor que transcende barreiras. Guiados por Chicão, o cão da família que tem três patas, eles construíram um lar onde a diversidade é celebrada intensamente em todos os seus sentidos. Um dos símbolos mais marcantes dessa união são os nomes de todas as filhas do casal: cada uma se chama Maria.

A chegada de Maria Luísa e uma lição de vida

A primeira filha do casal, Maria Luísa, hoje com 5 anos, chegou ao mundo enfrentando grandes desafios. Por complicações no parto, a menina precisou ficar internada em uma UTI infantil na capital fluminense por quase 300 dias. Após uma longa jornada de procedimentos médicos, ela finalmente pôde ir para casa, onde aprenderia a viver com paralisia cerebral, uma condição de vida diferente e desafiadora para ela e seus pais.

"A Malu foi uma escola de tudo para a gente. Uma escola de entender que não se escolhe filho, que a gente acolhe filho. Escola de entender sobre união e parceria, sobre valores", reflete Renata, que compartilha seu dia a dia com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram. "Poderíamos não ter nos unido e nos separado, como acontece com muita gente. A Malu foi uma união não só nossa, mas da nossa família. Formou-se um exército. Ela veio e melhorou muita coisa, ensinou muita coisa", completa a mãe.

A decisão pela adoção e a expansão da família

Com a vida de Maria Luísa mais estabilizada, o casal retomou um plano antigo: ter uma família com pelo menos dois filhos. Para eles, a adoção sempre foi mais do que uma opção, era um caminho natural. "Sempre tivemos essa ideia. Tem criança aí, por que a gente vai botar mais no mundo? E eu queria muito continuar sendo pai", declara Pedro.

Renata compartilha do mesmo pensamento. "Se já existem crianças que precisam de uma família e existem pais que querem ter uma família, por que isso é visto de uma forma ruim? Não faz sentido para mim", questiona. O plano inicial era acolher mais duas meninas, mas o destino tinha outros planos. De Alagoas, chegou a notícia de que três irmãs – nenhuma delas bebê, com duas já no final da primeira infância – aguardavam por um lar, sem boas perspectivas de serem adotadas juntas.

Em setembro de 2024, o lar das quatro Marias estava finalmente formado com a chegada de Maria Valentina, de 4 anos, Maria Cecília, de 6, e Maria Fernanda, de 8 anos.

Novos aprendizados em diversidade e acolhimento

A adaptação das novas irmãs trouxe, naturalmente, desafios de convívio, rotina e personalidades distintas. Além disso, apresentou ao casal novas questões relativas à diversidade racial e ao afeto. Inseridas em um ciclo social predominantemente branco, as meninas, de pele mais escura, encontraram pais proativos na criação de um ambiente verdadeiramente acolhedor.

O casal buscou uma escola aberta a discussões sobre diversidade, fala abertamente sobre racismo e incentiva o conhecimento sobre a cultura negra. "A gente estuda para lidar melhor com isso. Tenta tratar com naturalidade. Mostra que ninguém é igual aqui. A minha cor é diferente da cor da Renata, que é diferente da Cecília, que é diferente da Valentina", explica Pedro.

Renata complementa: "É necessário tomar ações para o fortalecimento da filha, movimentar em busca de exemplos de representatividade e valorização do negro que cheguem às meninas".

A observação atenta das filhas levou a mais uma descoberta sobre a pluralidade humana dentro da própria família. Durante videochamadas antes da mudança das meninas de Alagoas para o Rio, Renata notou um movimento diferente nos olhos de Maria Fernanda ao ver Malu na tela. "Cheguei a pensar que ela estaria rejeitando a irmã e fiquei desesperada", relembra. No convívio presencial, no entanto, a menina foi extremamente carinhosa.

Com o tempo, os pais perceberam que os movimentos oculares eram, na verdade, tentativas de enxergar. Maria Fernanda possui um grau elevado de dificuldade visual. "Foi um enorme aprendizado para a gente. O de dar às nossas crianças o tempo necessário, a chance de elas mostrarem quem são, sem julgamentos", afirma a mãe.

O primeiro Natal de todas as Marias juntas

O Natal de 2024 será histórico para a família. Será a primeira celebração em que todos estarão juntos não apenas fisicamente, mas com os laços afetivos já maduros e fortalecidos. O avô materno terá a honra de ser o Papai Noel.

"Nossa ideia é passar para elas a nossa sensação de quando éramos crianças, do tanto que a gente esperava por esses dias, esses eventos e os presentes", conta Renata. "Elas não se importam muito com presentes. Elas têm se importado com o estar presentes. É isso que estamos conseguindo dar a elas, as pessoas ao redor, nos fortalecendo como família", finaliza, emocionada, definindo a essência do lar que construíram: um lugar onde o presente mais valioso é a presença de cada um.