O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) emitiu uma nota oficial repudiando o que classifica como tentativas de criar uma crise institucional entre a autarquia e o Supremo Tribunal Federal (STF). A manifestação ocorreu horas antes de uma acareação marcada pelo ministro Dias Toffoli, que investiga supostas fraudes financeiras envolvendo o Banco Master e o BRB.
Defesa da instituição e crítica às interferências
Em comunicado forte, o Sinal foi veemente ao condenar iniciativas que, segundo a entidade, buscam arrastar o Banco Central para disputas de cunho político-eleitoral. O sindicato alertou que tais ações fomentam uma indisposição institucional entre o BC e membros do STF, contribuindo para a desinformação e fragilizando o debate público.
"Tais iniciativas apenas contribuem para a desinformação, fragilizam o debate público e colocam em risco a credibilidade das instituições", afirmou o sindicato na nota divulgada nesta terça-feira, 30 de dezembro de 2025.
O texto reitera a confiança na lisura, na qualidade técnica e no compromisso público dos trabalhos realizados pelos servidores da autarquia, incluindo auditores, técnicos e procuradores. O Sinal destacou que esses profissionais formam a base técnica das decisões tomadas pela diretoria colegiada do Banco Central.
Os detalhes da acareação e a investigação em sigilo
A acareação, determinada pelo ministro Dias Toffoli, relator do inquérito, envolve o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, o ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos. O Caso Master tramita em sigilo no STF desde o início de dezembro.
Um ponto de atrito foi o fato de Toffoli ter marcado a acareação de ofício, sem uma provocação prévia da Polícia Federal ou do Ministério Público. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, chegou a pedir a suspensão da medida, por considerá-la prematura, mas o ministro do Supremo manteve a data.
O próprio Banco Central recorreu ao STF para pedir esclarecimentos sobre a convocação do seu diretor, questionando as condições do chamado e a urgência do procedimento durante o recesso do Judiciário. Em resposta, Toffoli afirmou que nem Aquino nem o BC são investigados, mas não revogou a determinação.
Convicção em esclarecimentos e a defesa dos procedimentos
O Sindicato dos Funcionários do BC expressou, em sua nota, a convicção de que "todos os esclarecimentos necessários serão prestados às autoridades competentes, no tempo adequado". A entidade enfatizou que isso ocorrerá nos fóruns e instâncias institucionais apropriados, seguindo a tradição de transparência da autarquia.
O posicionamento do Sinal reforça a defesa da autonomia e da atuação técnica do Banco Central em meio a um inquérito de grande complexidade. O caso segue sob a relatoria do ministro Dias Toffoli, com novos desdobramentos esperados após a realização da acareação.