O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que sua administração está analisando seriamente uma mudança histórica na classificação da maconha no país. A proposta é retirar a substância do Anexo I, categoria das drogas consideradas mais perigosas, e realocá-la para o Anexo III, que abrange substâncias com potencial de abuso considerado moderado a baixo.
O que significa a reclassificação?
Atualmente, a cannabis está classificada no mesmo patamar de drogas como heroína e metanfetamina, no Anexo I da Lei de Substâncias Controladas. Essa categorização impõe severas restrições, que são um grande obstáculo para pesquisas científicas e para a operação de negócios legais no setor.
A mudança para o Anexo III, conforme discutido pela Casa Branca, não equivaleria à legalização federal. No entanto, representaria um afrouxamento significativo das regras. Entre as principais consequências estariam a facilitação de estudos médicos sobre a planta e a permissão para que empresas do ramo possam fazer deduções fiscais, um alívio financeiro crucial para a indústria.
Encontro na Casa Branca e estratégia política
O tema foi discutido em profundidade em uma reunião no Salão Oval no dia 9 de dezembro de 2025. O encontro contou com a presença do secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., e de importantes nomes da indústria da cannabis, como Kim Rivers, CEO da empresa Trulieve, e o defensor do acesso medicinal Howard Kessler.
As declarações de Trump, feitas na segunda-feira, 15 de dezembro
Analistas políticos veem a movimentação como uma tentativa de reconquistar a simpatia do eleitorado jovem, onde a popularidade do presidente apresenta declínio. Uma pesquisa recente do Instituto de Política de Harvard apontou que apenas 29% dos americanos entre 18 e 29 anos aprovam a gestão Trump, uma preocupação às vésperas das eleições de meio de mandato de 2026.
Impactos e próximos passos
Segundo a CNN, a administração Trump passou boa parte do ano de 2025 pesquisando os meios para realizar essa reclassificação. O movimento é aguardado com expectativa pelo setor, que enxerga na medida um passo fundamental para a normalização dos negócios e o avanço da ciência.
As principais implicações práticas da mudança seriam:
- Ampliação e desburocratização das pesquisas científicas sobre os usos medicinais da cannabis.
- Alívio tributário para empresas do setor, que hoje enfrentam grandes dificuldades financeiras devido à impossibilidade de deduções fiscais comuns.
- Reconhecimento federal do menor risco da substância, podendo influenciar políticas estaduais e a opinião pública.
Apesar do otimismo do setor, a mudança ainda está em fase de avaliação. Se concretizada, marcará uma virada na política de drogas dos Estados Unidos, com possíveis reflexos em discussões similares ao redor do mundo, inclusive no Brasil.